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Brasil renova até fim de dezembro portaria sobre acolhida humanitária para haitianos

Enviado em 27/04/2022 - 10:45

Bandeira do Haiti usada na decoração da Festa da Bandeira, na Missão Paz, São Paulo. Crédito: Rodrigo Borges Delfim/MigraMundo - mai.2014


Renovação da medida, em vigor desde 2018, era recomendada pela DPU em razão da piora da crise generalizada no país caribenho

 

 

O governo federal renovou até 31 de dezembro de 2022 a portaria que prevê acolhimento humanitário para haitianos no Brasil. A normativa anterior vencia no próximo dia 30 de abril e a medida que formaliza o novo prazo foi publicada na edição desta terça-feira (26) do Diário Oficial da União.

 O visto temporário previsto na portaria é válido por 180 dias e é emitido exclusivamente pela Embaixada do Brasil em Porto Príncipe, capital haitiana. Esse visto deve ser transformado junto a uma representação da Polícia Federal em autorização de residência em até noventa dias após o ingresso em território nacional.

A portaria prevê ainda que o haitiano que já se encontre em território brasileiro, independentemente da condição migratória em que houver ingressado no país, poderá requerer a autorização de residência para acolhida humanitária perante uma das unidades da Polícia Federal.

O prazo de residência previsto por essa acolhida humanitária será de dois anos. Depois desse prazo, a autorização para viver no Brasil pode ser convertida para aquela que não possui prazo determinado de expiração.

A portaria que prevê o acolhimento humanitário de haitianos no Brasil está em vigor desde 2018. Sua renovação era uma demanda tanto da sociedade civil organizada em torno da temática migratória quanto da própria comunidade haitiana.

 

Recomendação pela renovação

 

Em meados de dezembro, a Defensoria Pública da União e o Ministério Público Federal já haviam recomendado ao governo brasileiro a renovação da medida por pelo menos mais um ano, o que acabou não ocorrendo. No começo de abril, a DPU voltou à carga e recomendou a prorrogação do prazo da portaria ao menos até dezembro deste ano.

No documento enviado ao governo federal, o defensor público João Chaves partiu dos princípios presentes na legislação migratória brasileira, que prevê a acolhida humanitária para pessoas procedentes de países em situação de grave ou iminente instabilidade institucional, de conflito armados, de calamidade de grande proporção, entre outros elementos. O Haiti, no caso, conta com alguns desses fatores ativos ao mesmo tempo, e em um patamar ainda mais grave que no final de 2021, segundo a recomendação da DPU.

A partir de dados e relatos de organizações como OIM (Organização Internacional para as Migrações) e Human Rights Watch, o defensor apontou ainda a existência de um consenso internacional sobre a instabilidade generalizada no país caribenho. E que tal situação justificaria a prorrogação da acolhida por tempo indeterminado, ou pelo menos até o final do ano.

“Não prorrogar por prazo razoável a acolhida humanitária representaria um risco injustificável para a política migratória brasileira e seria um contrassenso frente aos compromissos assumidos pelo país”, escreveu Chaves na recomendação da DPU ao governo federal.

 

Haitianos no Brasil

 

Ao lado dos venezuelanos, os haitianos protagonizaram os principais fluxos migratórios em direção ao Brasil ao longo dos últimos anos. Dados do Observatório de Migrações Internacionais (OBMigra) indicam que, entre 2010 e 2015, cerca de 70 mil haitianos vieram para o Brasil. O país, que por 13 anos chefiou a missão das Nações Unidas criada para atuar no Haiti, se tornou uma espécie de referência e uma opção para haitianos que buscavam melhores condições de vida – especialmente após o terremoto de janeiro de 2010.

A chegada dos haitianos se dava por via aérea, mas sobretudo por uma rota que passava por outros países da América Central e do Sul antes do ingresso no território brasileiro, por meio da tríplice fronteira do Estado do Acre com Peru e Bolívia.

A tentativa de gerenciar esse fluxo levou à criação do visto humanitário, em 2012, mais tarde incorporado à Lei de Migração, que substituiu o Estatuto do Estrangeiro e entrou em vigor no final de 2017. Em abril de 2018 foi publicada a Portaria Interministerial Nº 10, sobre a concessão de visto temporário e de autorização de residência para fins de acolhida humanitária para cidadãos haitianos e apátridas residentes no Haiti – que é justamente o que a DPU pede a renovação.

Por outro lado, o cenário de estagnação econômica no Brasil, agravado pela pandemia de Covid-19, levou parte dos haitianos que chegaram ao Brasil a migrar novamente para outros países do continente, inclusive para os Estados Unidos.

Em seu último relatório, datado de 2021, o OBMigra contabilizou 149 mil haitianos com registro regular no Brasil (temporário ou permanente) desde 2011, ficando apenas atrás dos venezuelanos. No entanto, o movimento de migração dessa comunidade pelo continente americano pode ter alterado esse número.

 

Matéria, originalmente publicada no site migramundo.com (26/04/2022). Por Rodrigo Borges DelfimPara ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

NAMIR, OIM e Secretaria de Lauro de Freitas entregam cartões de alimentação aos refugiados

Enviado em 22/04/2022 - 12:04

 

 

No dia 19 de abril, foi realizado um evento em Jambeiro, no município de Lauro de Freitas, a distribuição dos cartões alimentação. O projeto dos cartões é o programa de transferência monetária da OIM para aquisição de alimentos e itens não-alimentares com financiamento do escritório de População, Refugiados e Migração dos Estados Unidades (PRM). Estiveram presentes o Núcleo de Apoio a Migrantes e Refugiados (NAMIR/UFBA), representada pela profa. Mariangela Nascimento, Edjane Tavares Santana, Assistente de Projetos da Organização Internacional para Migrantes(OIM); o secretário Tito Lucas Coelho, da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania de Lauro de Freitas, de Naiara Cardoso — coordenadora de gestão do SUAS e de Priscila Santos Freitas, representante do Centro Comunitário Monsenhor José Hamilton/Paróquia do CAB. Foram entregues 40 cartões-alimentações a população migrante venezuelana que estão morando em Jambeiro e Areia Branca no município de Lauro de Freitas. Também foram entregues a cartilha “Os Caminhos doa Migrantes e Refugiados/as na Bahia” com a finalidade de orientar e informar sobre a nova Lei de Migração no Brasil e as atribuições dos poderes públicos para realizar atendimento e soluções de problemas; além de trazer um catálogo com contatos dos órgãos públicos e organizações da sociedade civil que atuam em prol da população migrante.

O evento foi realizado no futuro Centro de Referência para Atendimento a Migrantes, localizado em Jambeiro. Essa é uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania de Lauro de Freitas. O Centro de Referência será inaugurado em breve e terá a NAMIR/UFBA como parceiro. O Centro de Referência para Atendimento a Migrantes é uma iniciativa pioneira no Estado, tendo à frente essa Secretaria. A parceria do NAMIR/UFBA com essa Secretaria vai promover algumas ações como o curso de capacitação aos agentes técnicos que vão atuar diretamente com a população migrante no Centro de Referência, e curso de português.

 

Representante da OIM Edjane Santana

 

No Centro de Referência para Atendimento do Migrante – Lauro de Freitas. Da esquerda Naiana Cardoso, Profa. Mariangela Nascimento, Edijane Santana e Secretário Tito Coelho.
 

 

Dia de Entrega dos Cartões Alimentação as famílias de refugiados no município de Lauro de Freitas, Bahia
 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

Projeto prevê conteúdos de Direitos Humanos e de combate ao racismo em cursos de agentes de segurança

Enviado em 22/04/2022 - 11:44
Getty Images/iStockphoto/direitos reservados
 

 

 

Projeto de lei (PL 5245/2020) do senador Fabiano Contarato (PT-ES) obriga cursos de capacitação de agentes de segurança pública e privada a apresentarem conteúdos relacionados a direitos humanos e combate ao racismo e a outras formas de discriminação. A proposta tem encaminhamento favorável do relator, Rogério Carvalho (PT-SE), e está pronta para ser votada na Comissão de Segurança Pública.

 

 

O projeto de lei inclui nos cursos de formação e aperfeiçoamento de policiais, bombeiros, agentes de trânsito, guardas municipais e vigilantes, módulos específicos e com carga horária adequada de temas de direitos humanos e de combate ao racismo, à violência de gênero e a toda e qualquer forma de discriminação e preconceito. O senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, diz que a iniciativa é oportuna, já que são frequentes no noticiário episódios de assassinato, violência e preconceito por agentes de segurança pública ou privada, principalmente contra homens negros, pobres e moradores de comunidades carentes. Parte da solução passa por conscientizar, desde o curso de formação nas academias, os profissionais de segurança da importância do respeito aos direitos humanos fundamentais das pessoas com as quais lidarão, como a vida, a integridade física e a dignidade. Se aprovada pela Comissão de Segurança Pública, a proposta do senador Fabiano Contarato, do PT do Espírito Santo, poderá seguir direto para a Câmara dos Deputados. Da Rádio Senado, Bruno Lourenço.

 

Matéria, originalmente publicada por Agência Senado (20/04/2022). Por Bruno LourençoPara ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

Comissão de Direitos Humanos solicita ao STM áudios sobre tortura

Enviado em 22/04/2022 - 11:35

Fonte: Agência Senado - Jefferson Rudy/Agência Senado

 


O pedido foi feito pelo presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, Humberto Costa

 

O presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) do Senado, Humberto Costa (PT-PE), enviou ofício ao Superior Tribunal Militar (STM) solicitando que sejam enviadas ao colegiado as gravações, feitas no âmbito daquela corte, referentes a torturas praticadas durante o regime militar. 

A solicitação foi feita na segunda-feira (18), após a publicação de trechos desses áudios pela jornalista Miriam Leitão, do jornal O Globo . Ela foi vítima de tortura durante a ditadura e revelou trechos de gravações inéditas registradas em sessões do STM entre 1975 e 1985.

No ofício, Humberto Costa ressalta que “as gravações registram relatos de casos de tortura durante a ditadura militar. Miriam Leitão diz que os áudios são vozes do tempo sombrio da ditadura militar que foram resgatadas pelo historiador Carlos Fico, titular de História do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro [UFRJ]”. 

O documento foi encaminhado ao presidente do STM, ministro general Luis Carlos Gomes Mattos. 

Em um dos trechos das gravações, o então ministro do STM Waldemar Torres da Costa debate o tema durante uma sessão que teria ocorrido em 1976. Ele teria dito que "quando as torturas são alegadas e, às vezes, impossíveis de ser provadas, mas atribuídas a autoridades policiais, eu confesso que começo a acreditar nessas torturas porque já há precedente". 

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) repercutiu os trechos das gravações pelo Twitter. Ela citou a sessão do STM do dia 24 de junho de 1977, quando o general Rodrigo Octávio Jordão Ramos teria relatado o caso da tortura de uma mulher grávida.

“Os áudios revelados pelo historiador Carlos Fico e Miriam Leitão mostram o quão abjeta é uma ditadura, em que mulheres grávidas eram torturadas para confessar crimes que não haviam praticado. Defender ditadura é defender tortura, é deixar a sociedade na mão de monstros", afirmou a senadora.

 

Matéria, originalmente publicada por Agência Senado (19/04/2022). Para ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

Indígenas venezuelanos no Brasil já somam mais de 7 mil pessoas, sendo 819 reconhecidas como refugiados

Enviado em 22/04/2022 - 10:19

ACNUR estima que existam mais de 7 mil indígenas venezuelanos em território brasileiro © ACNUR/Allana Ferreira

 

ACNUR lança página web especial sobre a resposta humanitária a essa população, com dados estatísticos, vídeos e publicações. Série vídeos “Cultura Imaterial Warao” é destaque

 
 

 

Desde 2014, um fluxo crescente de pessoas indígenas da Venezuela tem sido registrado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil. Atuando na proteção desta população, o ACNUR estima que existam mais de 7.000 indígenas venezuelanos no território brasileiro, sendo que 819 já foram reconhecidos como refugiados pelo governo federal. Outros 3.763 (51%) aguardam a análise do seu pedido de reconhecimento da condição de refugiado, enquanto 2.430 (33%) possuem residência temporária no país.

Crianças e adolescentes representam quase metade desta população, que é composta por diferentes grupos étnicos: Warao (70%), Pemón (24%), Eñepá (3%), Kariña (1%) e Wayúu (1%). A maioria da população indígena venezuelana se concentra nos estados de Roraima, Amazonas e Pará, mas diversos grupos da etnia Warao continuam seu deslocamento para outras regiões do país.

Estas e outras informações sobre a resposta da Agência da ONU para Refugiados às necessidades humanitárias de pessoas indígenas da Venezuela no Brasil estão disponíveis na página especial do website do ACNUR Brasil lançada hoje. A página reúne publicações produzidas pelo ACNUR e organizações parceiras sobre o tema, como também uma série de vídeos produzidos pela agência para aumentar a conscientização da sociedade sobre este tema, reduzindo a xenofobia e a discriminação.

Cultura imaterial Warao – Um dos destaques da página é uma série de vídeos chamada “Cultura Imaterial Warao”, divididos em cinco diferentes temas: mito, alimentos e cura, língua, dança e canto. Ao apresentar a diversidade cultural e os amplos conhecimentos imateriais dos Warao, os vídeos resgatam suas tradições para que suas origens e crenças sejam sempre lembradas e melhor entendidas, ampliando a compreensão sobre esta população. Os vídeos também integram a exposição virtual “Vidas Indígenas: modos de habitar o mundo”, realizada pelo Museu da Pessoa e também disponível a partir de hoje no site do museu.

“O trabalho humanitário do ACNUR voltado para as populações indígenas requer uma imensa responsabilidade em adaptar serviços de acordo com suas crenças e tradições. Em apoio aos esforços governamentais e em parceria com outras agências da ONU, organizações da sociedade civil e setor privado, oferecemos soluções focadas nas necessidades específicas dessa população, assegurando seus direitos fundamentais e garantindo sua proteção como pessoas indígenas e refugiadas no território brasileiro”, afirma o representante do ACNUR no Brasil, Jose Egas.

Entre os serviços ofertados pelo ACNUR à população indígena refugiada e migrante estão abrigos adaptados às necessidades culturais como cozinhas comunitárias, espaços para promoção cultural, entrega de kits de higiene e de limpeza, mobilização e advocacy com autoridades locais

para capacitar equipes de atendimento, apoio no acesso à documentação, no desenvolvimento de artesanato a nível nacional, além de produção de materiais multilíngues com enfoque intercultural no atendimento das comunidades.

Matéria, originalmente publicada no site, ACNUR Brasil(19/04/2022). Para ter acesso ao texto original, clique neste link!

MPF ouve lideranças indígenas sobre agressão a Pataxó Hãhãhãe e convoca reunião com a PM e outros órgãos sobre violência policial a comunidades tradicionais

Enviado em 22/04/2022 - 00:00

 

 

 
Arte: Secom/MPF

Reunião na próxima semana tratará da necessidade de afastamento imediato e responsabilização exemplar dos agressores, além de capacitação e medidas para que casos assim não se repitam

 


 

O Ministério Público Federal (MPF) realizou reunião de urgência, nesta quinta-feira (21), com diversas lideranças indígenas para tratar da agressão praticada por policiais militares sobre a pataxó hãhãhãe Priscila Muniz, de 31 anos. O fato ocorreu na terça-feira (19), durante as festividades de comemoração ao aniversário de 60 anos da cidade de Pau Brasil, localizada no Sul da Bahia, e foi amplamente divulgado pela imprensa.

Na reunião, destacou-se que o episódio é mais um retratando a violência policial em relação aos povos indígenas na região. As comunidades tradicionais se mostraram abaladas, com o sentimento de que os direitos dos indígenas seguem sendo ignorados e seus integrantes desrespeitados. Também foi mencionada a insegurança sobre o que pode ocorrer nas próximas festas municipais e regionais caso prevaleça a impunidade aos responsáveis, isso diante do histórico de frequentes agressões.

As lideranças indígenas foram ouvidas pela representação da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6CCR/MPF) e Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC) na Bahia, onde inclusive tramita um procedimento administrativo que acompanha as políticas de segurança pública e relacionamento das Polícias Militar, Civil e Federal, em relação aos povos e comunidades tradicionais, no estado.

Reunião na próxima quinta-feira (28) abordará medidas e encaminhamentos necessários - O MPF convocou reunião, para a próxima quinta-feira (28), com a presença do Comando-Geral da Polícia Militar/BA, da Secretaria de Segurança Pública, da Secretaria Estadual de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social/BA e da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi). Em pauta, dentre outros assuntos, a PRDC abordará: a necessidade de identificação ágil e afastamento imediato dos policiais militares envolvidos em casos dessa natureza; a responsabilização exemplar dos agressores; a realização de capacitação específica das corporações militares para ações envolvendo comunidades e povos tradicionais; e medidas a serem adotadas para que fatos como esses não mais se repitam no Estado da Bahia.

O MPF também solicitou à Secretária de Saúde do Estado da Bahia que adote todas as providências necessárias para o cuidado com a saúde da vítima, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), sobretudo considerando que a agressão partiu de agentes públicos do próprio Estado, sendo imprescindível toda mobilização possível para o adequado e integral tratamento à indígena Pataxó Hãhãhãe.

A apuração do caso concreto foi encaminhada à unidade do MPF localizada no município de Ilhéus, que abrange a cidade de Pau Brasil. O Grupo Especial de Atuação para o Controle Externo da Atividade Policial do Ministério Público do Estado da Bahia também foi comunicado para adoção das providências que entender cabíveis, no exercício do controle externo da atividade policial.

 

Matéria, originalmente publicada no site www.mpf.mp.br/ba (22/04/2022). Para ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

19 de abril - Dia de Resistência e Luta dos Povos Indígenas no Brasil

Enviado em 19/04/2022 - 12:07

MPF, DPU e comunidades quilombolas articularam medidas para mitigar prejuízos causados pela monocultura de eucalipto no sul da Bahia

Enviado em 19/04/2022 - 00:00

 

Imagens: PRM Texeira de Freitas
 
 

Órgãos cobraram a atuação do Inema, da Sema, do Incra e de demais responsáveis pelo processo de titulação

 


 

Contaminação da água e do solo com substâncias tóxicas, esvaziamento de lençóis freáticos, bloqueio de sinal de telefone e internet, limitação do território destinado à agricultura familiar e ao plantio de subsistência, êxodo rural, desemprego, redução das florestas e dos biomas nativos, e empobrecimento do solo, que há 50 anos recebe um único tipo de plantio. Esses foram alguns dos prejuízos apresentados por autoridades de seis comunidades quilombolas do sul da Bahia em decorrência da monocultura do eucalipto, tema da audiência pública realizada no último 29 de março no campus Paulo Freire da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Teixeira de Freitas (BA).

A realização do evento foi uma iniciativa do procurador da República José Gladston Viana Correia, membro do Ministério Público Federal (MPF) na Bahia (BA) e do defensor público Federal Vladimir Correia, integrante da Defensoria Pública da União (DPU), com o objetivo de mapear os impactos sociais, culturais, econômicos e ambientais da monocultura do eucalipto nos territórios das comunidades quilombolas do extremo sul da Bahia.

A audiência contou com a presença de representantes das comunidades quilombolas de Cândido Mariano, Helvécia, Rio do Sul, do município de Nova Viçosa, de Volta Miúda (Caravelas), Vila Juazeiro (Ibirapuã) e Mota (Itanhém). Estiveram presentes, ainda, representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em Eunápolis, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), da empresa Suzano Papel e Celulose, além de servidores das prefeituras de Ibirapuã, Caravelas e Ithanhém.

 

 

imagens: PRM Texeira de Freitas
 

O evento teve início com as apresentações dos integrantes da Comunidade Quilombola de Volta Miúda, Célio Pinheiro Leocádio e a mestra quilombola Brasília Aleixo, que compuseram a mesa junto com os membros do MPF e da DPU. Em seguida a palavra foi assegurada aos demais representantes quilombolas, que destacaram a importância da reunião para a sobrevivência e resistência das comunidades. Em seguida a palavra foi assegurada aos demais representantes quilombolas, que consideraram a audiência pública importante para buscar a implementação de políticas públicas que garantam seus direitos e viabilizem a sobrevivência das comunidades.

A professora da Comunidade de Helvécia, Jane Santos Krull, ressaltou que o encontro é um ponto de partida significativo no processo de visibilidade quilombola para que as soluções propostas aos transtornos enfrentados por estes povos sejam concretas e efetivas. Em demais discursos realizados pelos representantes das comunidades, foram levantadas questões sobre como o direito de existir e viver, a partir de seu modo de vida, está sendo impedido e por qual razão ainda enfrentam muitos obstáculos, boa parte em decorrência da cultura do eucalipto em terras tradicionais.

A fisioterapeuta da comunidade de Cândido Mariano, Cátia Souza, questionou a efetividade das medidas públicas, que, segundo ela, não tem alcançado as comunidades: "O impacto causado pela monocultura do eucalipto reflete no futuro das famílias quilombolas, que estão lidando com altos índices de desemprego em consequência da redução de seus territórios, que prejudicou as plantações e a execução de atividades relacionadas que garantiam a sua fonte de renda".

A representante questionou os requisitos exigidos para as escassas oportunidades oferecidas pela empresa às comunidades no processo de produção de eucalipto. "Como podem exigir experiência se não oferecem oportunidade? Não existe uma responsabilidade efetiva por parte da empresa. Na região, houve transformações gigantescas, e o que antes eram produções agrícolas diversificadas hoje se reduziu a cuidar de madeira" (sic), afirmou Cátia.

Após intervalo, os representantes das comunidades quilombolas expuseram mais dificuldades derivadas de 50 anos da monocultura de eucalipto na região. Segundo apresentado:

- As comunidades estão estagnadas, sem área disponível para onde crescerem. A nova geração de descendente dos quilombos tem deixado suas comunidades e ido para centros urbanos por não haver mais terreno para a prática tradicional de agricultura familiar e plantio de subsistência tornando impossível a sobrevivência entre seus pares;

- Os pesticidas utilizados em grande quantidade nas plantações de eucalipto ficam infiltrados no solo e nos rios e chegam a todo o território quilombola, contaminando com substâncias tóxicas a sua produção, os seus alimentos, a sua água, e, consequentemente, a própria comunidade;

- A quantidade de água destinada pelas empresas na monocultura do eucalipto tem reduzido continuamente os níveis de lençóis freáticos (águas subterrâneas) o que provoca escassez de água para as comunidades tradicionais e, ainda, para a manutenção das florestas nativas;

- A altura das árvores de eucalipto e a quantidade delas plantadas nas monoculturas acaba por criar um obstáculo físico às ondas eletromagnéticas transmitidas pelas antenas de celular e de internet. Isso impacta, consequentemente, no direito a comunicação das comunidades tradicionais, que são prejudicadas em seu acesso a tecnologias e ferramentas de comunicação ;

Sobre o último ponto, o senhor Benedito Quintiliano (Comunidade Rio do Sul) destacou que, apesar de a audiência pública ter sido transmitida via YouTube pelo MPF para alcançar o maior público interessado possível, muitos integrantes das comunidades não conseguiram acessar a transmissão ou enviar manifestações por não terem o acesso à internet.

Na parte final da audiência pública, os representantes das comunidades quilombolas apresentaram uma Carta com a compilação de todos os prejuízos causados pela monocultura de eucalipto na região e pela atuação das empresas responsáveis. Logo após, integrantes das comunidades junto à mesa condutora e aos demais órgãos participantes, definiram os encaminhamentos cabíveis.

O assessor técnico da Coordenação de Políticas para Povos Tradicionais da Sepromi, Fábio de Santana, comprometeu-se a levar a situação para conhecimento da secretária Fabya Reis e, ainda, para deliberação na próxima reunião da Comissão Estadual para a Sustentabilidade dos Povos e Comunidades Tradicionais (CESPCT). Segundo ele, a Sepromi vai inicialmente dialogar com as secretarias e órgãos relacionados a demandas apresentadas na Carta e agendar reuniões com as comunidades, a DPU e o MPF para retornar as informações obtidas.

Os representantes da Suzano, Leandro Lima e Whizilene Gonçalves, destacaram que a organização está aberta ao diálogo e disposta a avançar e alcançar os melhores resultados para as partes interessadas. Eles explicaram que há rigor na obediência de normas legislativas, dado que "os licenciamentos são realizados através de pesquisa de campo e mapeamento" nos territórios de sua atuação. Os integrantes da empresa afirmara, ainda, que houve impactos positivos provenientes das ações e programas realizados pela empresa na região.

Em sua fala, o procurador da República José Gladston Viana Correia reafirmou o compromisso do MPF na defesa do direito das Comunidades Tradicionais e destacou a importância de estreitar e desburocratizar a comunicação entre as comunidades e o MP e a DPU.

"Vamos seguir com o processo e em diálogo com a comunidade e com os órgãos relacionados. É necessária também a participação do poder executivo em todo o processo de articulação de melhorias para com as comunidades, por isso considero inadmissível a ausência de um representante dos órgãos de meio ambiente do governo nessa audiência pública", afirmou o procurador.

O defensor Público Federal Vladimir Correia destacou a importância de integrar membros das universidades nas tratativas das questões quilombolas, iniciativa que já tem apresentado resultados positivos em situações semelhantes. O defensor afirmou que a DPU e o MPF devem seguir cobrando os órgãos relacionados, como o Inema, a Sema e, especialmente, o Incra.

"O Incra tem uma dívida histórica com as comunidades quilombolas; a titulação das terras é a questão central de toda essa situação. Enquanto não for titulada a terra esse processo deve ficar cada vez mais conflituoso", finalizou o defensor.

  

Acesse a Carta com as principais medidas demandadas pelas comunidades quilombolas.

 

Matéria, originalmente publicada no site www.mpf.mp.br/ba (19/04/2022). Para ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

 

Apoio a refugiados

Enviado em 18/04/2022 - 11:59

 


 

Representantes da entidade civil sem fins lucrativos Organização Internacional para as Migrações (OIM) estarão presentes em Salvador, para a cerimônia de entrega dos cartões-alimentação para migrantes e refugiados em situação de vulnerabilidade no Brasil.  

O encontro será dia 19 no bairro de  Areia Branca, em Lauro de Freitas, onde instalou-se uma comunidade de migrantes.  Um primeiro grupo já recebeu o passe ontem pela manhã. 

A iniciativa de apoiar a segurança alimentar é o resultado do acordo de cooperação do Núcleo de Apoio a Migrantes e Refugiados (Namir) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), tendo como parceiro o Centro Monsenhor José Hamilton da Paróquia do CAB. 

 

 

Matéria, originalmente, publicada no site A Tarde(14/04/2022)  — Por Redação, com Miriam Hermes | tempopresente@grupoatarde.com.br. Clique neste link para ver o texto original!

Brasil concede 74 vistos e 27 autorizações de residência humanitária a ucranianos

Enviado em 11/04/2022 - 11:46

 

Reprodução

 

Portaria conjunta entre Ministério da Justiça e Segurança Pública e Ministério das Relações Exteriores contribui com o recebimento de pessoas buscam por segurança em outro país

O Brasil concedeu 74 vistos e 27 autorizações de residência humanitária a ucranianos entre 3 e 31 de março. As informações, divulgadas nesta segunda-feira (11), constam no Boletim Migração Ucraniana. Os números reforçam o papel do país em receber aqueles que estão em situação de perigo e buscam por segurança.

Acesse aqui o informativo sobre migração ucraniana no Brasil

“Receber imigrantes e refugiados ucranianos é um ato humanitário. Os imigrantes fazem parte da história do País e o Governo Federal está empenhado em auxiliar os que procuram por seus direitos como segurança, moradia e trabalho no Brasil”, afirma o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.

O balanço também aponta que em 2022 foram reconhecidos quatro refugiados, havendo 37 processos de refúgio em andamento. A concessão de vistos e autorizações de residência humanitários foi possibilitada pela a edição da Portaria Interministerial MJSP/MRE nº 28, que atendeu às necessidades de ucranianos afetados pelo conflito armado na Ucrânia.

Em relação aos procedimentos, o visto humanitário pode ser solicitado no exterior e permite a entrada no Brasil pelo prazo de 180 dias. Para conseguir autorização de residência por acolhida humanitária, é preciso ir em uma Unidade da Polícia Federal em solo brasileiro e solicitar a Carteira de Registro Nacional Migratório (CRMN).

 

infográfico MJSP 1

Reprodução:infográfico MJSP 1

 

Já o refúgio é uma proteção internacional concedida àqueles que sofrem perseguição em seus países de origem por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas. O requerente pode receber Documento Provisório de Registro Nacional Migratório para identificação no Brasil enquanto estiver em tramitação o processo de refúgio, a ser julgado pelo Comitê Nacional para os Refugiados.

O documento foi consolidado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, a partir de dados do Ministério das Relações Exteriores, da Polícia Federal e da Coordenação-Geral do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

 

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Reprodução:infográfico MJSP 1

 

O trabalho, que também contou com o apoio da OIM, Agência da ONU para as Migrações, e do Obmigra (Observatório das Migrações Internacionais) contém orientações e canais de acesso a informações para requerer o visto ou a autorização de residência por acolhida humanitária e para a solicitação de refúgio no Brasil.

 

Histórico

 

Entre janeiro de 2010 e dezembro de 2021 mais de 3,3 mil ucranianos registraram residência no Brasil. Quase 2,3 mil registros de residência foram realizados na região Sudeste, principal destino dos imigrantes ucranianos. Juntamente com os poloneses, os ucranianos compõem o maior contingente de imigrantes eslavos no País.

Entre os que chegaram ao País nesse período, a maioria é do sexo masculino e possui entre 25 e 39 anos. Os homens somam 83% do contingente de imigrantes ucranianos e 46% do total são do sexo masculino na faixa etária entre 25 e 39 anos. As mulheres somam 17% e a maioria delas, cerca de 10% do total de imigrantes, têm entre 25 e 39 anos. Entre homens e mulheres, não houve imigrantes acima de 65 anos e apenas 2% tinham menos de 14 anos na data de entrada no País.

Nos 12 anos que se estendem de 2010 a 2021, o principal meio de entrada de ucranianos no Brasil é via marítima e o ano de 2019 registrou o maior fluxo migratório: 22.201 ucranianos entraram e 21.189 saíram do país.

No primeiro trimestre de 2022, a média mensal de entradas de imigrantes foi de 1.685 pessoas e a de saídas foi de 1.531 pessoas. Dos movimentos de entrada neste ano, mais de 60% referem-se a tripulantes e outros 20% a visitantes, que não precisam de visto para permanecer por até 90 dias no País. O movimento migratório, incluindo visitantes e temporários, é documentado pelo Sistema de Tráfego Internacional.

Os principais amparos indicados pelos imigrantes são trabalho marítimo (67%), reunião familiar (12%), trabalho com transferência de tecnologia (6%) e outros amparos (15%). O termo amparo é utilizado para a classificação do motivo descrito pelo migrante quando solicita sua residência, segundo a legislação nacional.

Em relação aos refugiados, foram 15 reconhecidos entre janeiro de 2010 e dezembro de 2021, de 74 solicitações recebidas nesse período.

 

Matéria publicada, originalmente no site OIM Brasil  (11/04/2022).Clique aqui para ver o texto original!