A cartilha será distribuída em alguns abrigos da Operação Acolhida e nas escolas do estado, como a escola da aluna Shakira Esmeralda, uma das ganhadoras do concurso de redação e desenho sobre o consumo consciente de água. © ACNUR/Allana Ferreira
Material tem como objetivo promover soluções sustentáveis e informar sobre consumo de água entre estudantes brasileiros e venezuelanos e professores
A Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (CAER) lançou na última semana a cartilha socioambiental “Água é Vida”, sobre o uso consciente da água em contextos urbanos. Direcionado para alunos brasileiros, refugiados e migrantes venezuelanos do estado de Roraima, o material impresso será distribuído nas escolas estaduais da rede pública e nos centros de acolhimento da Operação Acolhida que têm bibliotecas, mantendo a versão online na biblioteca virtual da Secretaria Estadual de Educação.
Produzida nos idiomas português e espanhol, com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a cartilha traz informações sobre a preservação dos mananciais dos rios e orientações para evitar o desperdício da água em residências e também nos 14 abrigos que acolhem mais de 7.800 refugiados e migrantes nas cidades de Boa Vista e Pacaraima. O tema se tornou ainda mais importante em tempos de pandemia, que por medidas sanitárias, registrou aumento do consumo domiciliar de água.
“Percebemos que muitos dos países que acolhem refugiados e migrantes, principalmente em situação de abrigamento, tem muita dificuldade de oferecer água tratada para essa população. Mas aqui em Roraima estamos conseguindo levar água para todos os abrigos, o que é essencial para a qualidade de vida dessas as pessoas. Por isso elas também fazem parte da manutenção desse recurso”, disse James Serrador, presidente da CAER.
A compreensão de que todos têm o direito de acesso à água tratada, mas também o dever de cuidar deste bem tão precioso e muitas vezes escasso, foi um dos motivos da criação da cartilha bilíngue.
“A parceria entre ACNUR e CAER já acontece em outras frentes de sustentabilidade e a cartilha vem para promover a educação ambiental, principalmente entre as crianças e jovens, tornando-os membros ativos na gestão do uso da água nos abrigos e contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes”, explica Fabiano Sartori, consultor de meio ambiente do ACNUR.
O lançamento da cartilha, feito na semana passada, contou com a premiação do 1º Concurso da CAER de Redação e Desenho, voltado para estudantes das escolas estaduais sobre a preservação e uso da água. Shakira Esmeralda, de 17 anos e aluna da escola estadual Tancredo Neves, foi uma das premiadas da categoria redação. Para ela, falar sobre meio ambiente é assunto da atualidade e deve ser debatido. “Essas atividades e materiais sobre a preservação da água, natureza e meio ambiente são essenciais e motiva nós, alunos, a estudar sobre o tema. Além disso, possibilita que o aprendizado na escola seja colocado em prática na vida”, afirmou a jovem.
O tema de sustentabilidade e meio ambiente é transversal nos trabalhos do ACNUR. Apoiar, incentivar, promover e desenvolver iniciativas educativas e projetos que promovam um acolhimento sustentável e inclusivo de refugiados e migrantes é uma das frentes de atuação do ACNUR no Brasil.
A estratégia da preservação dos recursos naturais e de reutilização de materiais, mesmo em um contexto de emergência humanitária, como em Boa Vista e Pacaraima (RR), dialoga com a estratégia ampla do ACNUR em incorporar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como o acesso à água potável e saneamento (ODS 6), fortalecimento de cidades e comunidades sustentáveis (ODS11) e consumo e produção responsáveis (ODS 12).
“Faz parte do mandato do ACNUR apoiar e potencializar entes públicos e privados para que possam contribuir de forma sustentável em parcerias para fins humanitários. O trabalho conjunto entre diferentes atores de interesse comum contribui para identificar formas de reduzir os impactos das ações humanitárias no meio ambiente, promovendo respostas de infraestrutura e serviços públicos condizentes com as realidades e especificidades da região”, adiciona Fabiano.
“Estamos muito felizes de ter uma cartilha bilíngue e inclusiva, trazendo a população refugiada e migrante venezuelana como parte da construção de ações e soluções ambientais. Agradecemos ao ACNUR pela parceria neste processo e como estamos todos no mesmo lugar, no mesmo estado, somos todos responsáveis por cuidar dos nossos bens naturais”, acrescenta a primeira-dama do Estado, Simone Denarium.
A cartilha socioambiental bilíngue do programa “Rios Limpos, Sociedade Integrada” está disponível no site da CAER.
Reprodução integral: ACNUR Brasil