Por que o filme ‘As Nadadoras’, top 10 na Netflix, é mais do que entretenimento

Yusra e Sara se divertindo no mar do Rio de Janeiro. No mar, as irmãs se sentem em casa. (©The Swimmers/Divulgação)

 

O filme é baseado na história real de das irmãs Mardini, refugiadas sírias que fugiram da guerra e tiveram que nadar por suas vidas. Hoje, Yusra é atleta Olímpica e Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR.

 


 

Profundo, marcante, doloroso e inspirador. Essas são algumas das palavras que podemos usar para descrever o filme “As Nadadoras”, que estreiou no dia 23 de novembro na Netflix e já se tornou um sucesso da crítica internacional.

A jornada extraordinária foi baseada na vida das jovens refugiadas sírias Yusra e Sara Mardini, e o filme é um retrato da força, esperança e perseverança que as jovens demonstraram frente a uma adversidade que jamais imaginaram ter que enfrentar: ter que sair de seu país para sobreviver da guerra.

O trajeto perigoso e heróico de enfrentar o mar aberto, um novo país e a rejeição de muitas pessoas são algumas das profundas e difícieis facetas da experiência de uma pessoa refugiada retratadas pelo filme.

“Por mais inspiradora que seja a história de Yusra e Sara – elas são o 1% – e também queríamos representar os 99% dos refugiados que não têm esse final feliz ou esse resultado”, coloca El Hosaini, a diretora do filme, em entrevista.

“Eu quero que esse filme nos relembre que pessoas refugiadas são pessoas comuns, com vidas comuns, esperanças e sonhos. Pessoas normais que tiveram que tomar decisões inimagináveis, deixando suas casas e arriscando tudo o que possuiam para procurar por uma vida mais segura e melhor”, completa.

O filme é motivador e impactante e a mensagem transmitida não poderia ser diferente. “Minha esperança é que esse filme derrube esteriótipos sobre refugiados e mulhees arábes”, afirma Sally.

Apesar do número de pessoas deslocadas de forma involuntária no mundo crescer de forma insustentável – já são mais de 100 milhões de pessoas forçadas a fugir de guerras, perseguições e violações no mundo – a palavra “refugiado” é ainda pouco lembrada.

Para muitas pessoas,  o termo não tem significado e o mesmo acontecia com Yusra, até ela ser forçada a se deslocar da sua casa. “Quando eu morava na Síria, eu nunca tinha pensando sobre o que ser refugiado significa. Ninguém me ensinou sobre isso.”, cita ela.

 

Da reconstrução total até as Olimpíadas

Muitos devem conhecer a nadadora por sua participação nos jogos Olímpicos na Rio 2016, quando competiu com a então primeira equipe de atletas refugiadas da história da competição.

Da saída da Síria até a realização do sonho olímpico, Yusra precisou sentir na pele a dor de se deslocar e, ao representar um time considerado não merecedor de estar presente na competição, viu como o processo pode ser muito mais desafiador.

“As Olimpiadas mudaram a minha forma que eu pensava sobre ser um refugiado. Quando eu andei para dentro do estádio no Rio de Janeiro, eu percebi que posso inspirar muitas pessoas. Eu percebi que “refugiado” é só uma palavra, e que o que você faz com ela é a coisa mais importante.”

Em 2017, foi nomeada a mais jovem Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, aos então 19 anos, e atua desde então na defesa de refugiados em todo o mundo, compartilhando sua própria história inspiradora como um exemplo de resiliência e determinação para reconstruir vidas e contribuir positivamente para as comunidades de acolhida.

 

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Yusra Mardini se tornou a mais nova Embaixadora da Boa Vontade do ACNUR, quando tinha penas 19 anos, em 2017. (©ACNUR/Jack Nolos)
 
 

Conflito na Síria

Lamentavelmente, Yusra e Sara não estão sozinhas nessa jornada. Desde 2011, mais de 13,5 milhões de sírios, foram afetados pela guerra, precisando de assistência humanitária e proteção. Deste total, 6,9 milhões estão deslocadas dentro do país e precisam de apoio para atender necessidades básicas, como a alimentação.

Fora do país, são mais de 6,6 milhões de sírios que cruzaram uma fronteira e buscaram proteção em outro país. No Brasil, de acordo com dados do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), 3.749 sírios já foram reconhecidas como refugiados.

Na Síria, o ACNUR oferece ajuda humanitária que salva vidas para refugiados sírios, ajudando os mais vulneráveis ​​com dinheiro para remédios e outras necessidades básicas, fogões e combustível para aquecimento, isolamento para tendas, cobertores térmicos e roupas de inverno. Também ajudamos refugiados com acesso a água potável e saneamento. Para aqueles que foram deslocados, mas permanecem na Síria, fornecemos kits de abrigo e itens não alimentares, bem como serviços de proteção e apoio psicossocial.

Assista o trailer aqui:

 

 

 

 

Matéria, originalmente publicada no site, www.acnur.org (13/12/2022). Para ter acesso ao texto original, clique neste llink!