Livro é parte de um projeto idealizado pela Cátedra Sérgio Vieira de Mello na Unicamp e parceiros, que inclui ainda um documentário previsto para o mês de junho
Aproveitar a gastronomia como um elemento de aproximação e diálogo entre diferentes culturas. Esse é o objetivo do livro Sabores sem Fronteiras: Receitas e trajetórias refugiadas”, que reúne receitas elaboradas por imigrantes que vivem em situação de refúgio no Brasil e as histórias de seus autores.
A obra, idealizada pela Cátedra Sérgio Vieira de Mello na Unicamp, saiu pela editora Senac. Ela conta com receitas oriundas de 12 nacionalidades: Venezuela, Síria, Benin, Guiana, Angola, Colômbia, Haiti, Egito, Peru, Cuba, República Democrática do Congo e Filipinas. A Universidade São Judas Tadeu e o Ministério Público do Trabalho da 15ª Região também são parceiros no projeto.
Entre as receitas presentes no livro estão a Soup Joumou, ou “Sopa da Liberdade” (Haiti), Arepa (popular na Venezuela e Colômbia), Mufete (prato típico da região de Luanda, em Angola), Ceviche (uma das estrelas da culinária peruana) e Fatteh (comum em países como Líbano, Síria e Egito), entre outras.
“Muitas vezes essas receitas são preparadas com ingredientes que nós conhecemos, mas que jamais imaginávamos que poderiam ter essa combinação e acabar num sabor totalmente inusitado. Ou mesmo um novo ingrediente que traz uma perspectiva diferente”, explica a historiadora e documentarista Ana Carolina Moura Delfim Maciel, presidente da Cátedra Sérgio Vieira de Mello na Unicamp.
Perspectiva de troca
As receitas foram selecionadas por uma comissão julgadora a partir de um total de 88 inscrições enviadas à Cátedra entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021. O colegiado foi composto por integrantes da própria Unicamp e refugiados, com a participação externa da chef argentina Paola Carosella.
“Uma perspectiva que nós temos como essa iniciativa é, através da culinária, trazer as trajetórias de vida, falar sobre o tema do refúgio. E fazer isso a partir da troca, do intercâmbio entre culturas. Esse é o grande desafio desse livro: superar barreiras geográficas e gastronômicas e poder inserir essas pessoas nas nossas perspectivas de convivência”, complementa Maciel.
O livro, no entanto, não será comercializado. A tiragem de mil exemplares será distribuída pela Cátedra Sérgio Vieira de Mello. O evento de lançamento oficial da obra deve ocorrer em data ainda a ser definida, ao longo do primeiro semestre de 2022.
Documentário para junho
Além do livro em si, o projeto tem como desdobramento um documentário, em parceria com a Universidade São Judas Tadeu, que está na fase de edição. A produção vai trazer entrevistas com os refugiados e imigrantes e a execução dos pratos, que foram captadas em dezembro passado.
Em razão da pandemia de Covid-19, o processo contou com uma série de cuidados e protocolos sanitários, de forma a preservar a saúde dos autores das receitas e dos integrantes da produção. O lançamento do documentário é previsto para 20 de junho, quando é lembrado o Dia Mundial do Refugiado.
Matéria originalmente publicada no site migramundo.com (06/01/2022). Por Rodrigo Borges Delfim. Clique aqui para ver o texto original!