© ACNUR/Asif Shahzad
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) fez uma curadoria de produções sobre o contexto afegão para que você conheça o país pelos olhos de artistas e escritores
O Afeganistão passa por uma grave crise humanitária. Episódios de violência e insegurança recentes trouxeram mais sofrimento para milhares de afegãos. Mais de meio milhão de pessoas foram deslocadas internamente apenas em 2021 – e o número de pessoas forçadas a fugir do país continua aumentando.
Até o fim de 2020, de acordo com o relatório Tendências Globais do ACNUR, o Afeganistão era o terceiro país no mundo com maior número de pessoas refugiadas: 2,6 milhões de afegãos haviam deixado o país em busca de proteção internacional.
A última onda de violência é outro baque para os afegãos, que, há mais de 40 anos, sofrem com conflitos, desastres naturais, pobreza crônica e insegurança alimentar. A resiliência dos refugiados, deslocados internos e comunidades que os acolhem está no limite absoluto.
Para entender o contexto do Afeganistão através dos olhos daqueles que vivem e pesquisam o país, o ACNUR fez uma seleção de livros, filmes e artistas. Confira abaixo:
Leia sobre o Afeganistão:
O Caçador de Pipas – Khaled Hosseini
O romance, escrito por Hosseini, Embaixador da Boa Vontade do ACNUR desde 2006, narra a tocante história da amizade entre Amir e Hassan, dois meninos que vivem no Afeganistão na década de 1970. Durante um campeonato de pipas, Amir perde a chance de defender Hassan, num episódio que marca a vida dos dois amigos para sempre. Vinte anos mais tarde, quando Amir está estabelecido nos Estados Unidos, após ter abandonado um Afeganistão tomado pelos soviéticos, ele retorna ao seu país de origem e é obrigado a acertar as contas com o passado.
A Pérola que Rompeu a Concha – Nadia Hashimi
O livro entrelaça as histórias de mulheres extraordinárias. Rahima, suas irmãs e sua trisavó Shekiba, que apesar de separadas pelo tempo e pela distância, compartilham a coragem e vão em busca dos mesmos sonhos. Uma comovente narrativa sobre impotência, destino e a busca pela liberdade de controlar os próprios caminhos.
O Livreiro de Cabul – Åsne Seierstad
Por mais de vinte anos, Sultan Khan enfrentou as autoridades, tanto comunistas quanto do Talibã, para prover livros aos moradores de Cabul. Ele foi preso, interrogado e encarcerado; e assistiu os soldados talibãs queimarem pilhas e pilhas de livros nas ruas. O Livreiro de Cabul traz relatos que fazem um panorama sobre o Afeganistão após a queda do Talibã, em 2001.
Veja sobre o Afeganistão:
A Caminho de Kandahar – Mohsen Makhmalbaf
O drama franco-iraniano, dirigido por Mohsen Makhmalbaf, narra a história de uma jovem jornalista afegã (Niloufar Pazira) que fugiu de seu país, em meio à guerra civil dos Talibãs, para viver no Canadá. Ela decide retornar após receber uma carta de sua irmã relatando que irá se suicidar antes que ocorra o próximo eclipse solar. A partir do momento de seu retorno, ela se atualiza sobre a situação do Afeganistão e vive momentos de suspense para ir ao encontro da irmã.
A Ganha-Pão – Nora Twomey
A Ganha-Pão é um retrato clínico e desolador acerca da vida no Afeganistão, terra dos Talibãs. Mais do que propriamente denunciar suas práticas, este longa protagonizado por mulheres busca compreender como o país chegou ao estágio retratado, em que à mulher cabe procriar e nada mais. O início verborrágico atende a este objetivo, resumindo em poucos minutos séculos de lutas onde conquistadores entraram e saíram, à custa do sofrimento da população local. Em meio ao caos, ascendeu o extremismo que condenou às mulheres a soturna e emblemática burka.
Às Cinco da Tarde – Samira Makhmalbaf
Após a queda do regime talibã no Afeganistão, as mulheres podem voltar a cursar escolas. Uma delas é Noqreh (Agheleh Rezaie), que vai à escola escondida devido a desaprovação de seu pai (Abdolgani Yousefrazi). Na escola, é realizado um debate entre jovens que sonham em se tornar presidente do Afeganistão, o que faz com que Noqreh passe a desejar a ideia. Entretanto, ela precisa lidar com a dura realidade do seu país, que inclui sua cunhada Leylomah (Marzieh Amiri) e o bebê dela, que não tem o que comer.
Ouça sobre o Afeganistão:
Farhad Darya
Desde a estreia de Darya na rede de televisão do Afeganistão em 1980, ele lançou mais de duas dúzias de álbuns. Ele fundou a banda Goroh-e-Baran com Asad Badie, que se tornou uma das bandas afegãs mais conhecidas na década de 1980. Ao longo de sua carreira, Darya vendeu álbuns – os aclamados produzidos no exílio, muitos dos quais lidam com a Guerra Soviético-Afegã e os infortúnios resultantes da nação dilacerada pela guerra. A maior parte da música visa ajudar os afegãos a trazer paz e união ao seu país.
Soosan Firooz
Cantora e atriz de 23 anos, lançou uma canção chamada “Our Neighbours” que conta a história de sua infância como refugiada no Paquistão e no Irã e suas esperanças para o futuro do Afeganistão. A música de Soosan atraiu desaprovação em uma sociedade muito conservadora, mas ela tem o apoio de seu pai, que desistiu de seu trabalho para atuar como seu guarda-costas.
Paradise Sorouri
Paradise nasceu em Ispahan, no Irã, para onde seus pais haviam migrado na década de 1980, fugindo do conflito no Afeganistão. Aos 18 anos, mudou-se para Cabul, onde conheceu o noivo Ahmad, com quem montou o grupo 143 Band. Logo após, publicou no Youtube o seu primeiro vídeo de rap com críticas à sociedade afegã. É com a música que Paradise denuncia a repressão na região.