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Universidade na Praça - Democracia e Esperança

Enviado em 16/09/2022 - 13:52

 


 

O projeto Universidade na Praça - Democracia e Esperança cumpre o mesmo objetivo da edição de 2019: difundir conhecimento e ampliar o diálogo da Universidade Pública com a sociedade através de uma exposição aberta, pública, em que as áreas de conhecimento apresentem ao povo soteropolitano, especialmente ao estudante da Educação Básica, uma parte do conhecimento que produz e alguns de seus resultados concretos, compartilháveis, que possam ser comunicados de modo significativo com as pessoas.

Serão mais de 10 horas de atividades como:

  • Experimentos;
  • Exposições
  • Protótipos
  • Intervenções artísticas
  • Oficinas
  • Minicursos
  • Rodas de conversa e;
  • palestras.

Uma estrutura gratuita e aberta ao público está sendo preparada com palco, tendas e ambientes para atividades de interação. “Diante de uma conjuntura desfavorável e de ameaças à educação pública, a APUB entende que sua atuação deve ultrapassar a tradicional pauta sindical. A sociedade em geral vê o sindicato numa perspectiva mais corporativista, de defesa dos direitos, da carreira, das condições de trabalho e aposentadoria. Mas a conjuntura nos impele a dialogar com a sociedade sobre o que a universidade faz, isto é, nosso trabalho. Se a Democracia estiver ameaçada, a universidade também está. Temos o compromisso de ampliar nossa pauta. Por essa razão, no dia 22 de setembro vamos ocupar mais uma vez a praça pública para mostrar a “balbúrdia” que a universidade faz: formamos uma cultura de construção coletiva, democracia e esperança”, afirmou a professora Raquel Nery, idealizadora da atividade.

A atividade contará com docentes e estudantes de diversas áreas do conhecimento: ciências naturais, humanidades, cultura, artes, esportes, contemplando as diversas dimensões do humano e da sociedade.

A edição de 2022 traz ainda novidades: a participação da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), da Editora Universitária – EDUFBA, da Pró-reitoria de Graduação e Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT) da UFBA.

Saiba mais: www.apub.org.br


 

Defensorias Públicas da União e de Minas propõem à Gol Linhas Aéreas o cumprimento de procedimentos a migrantes e refugiados que circulam no Brasil

Enviado em 15/09/2022 - 08:59

 


Numa recomendação conjunta, a Defensoria Pública da União (DPU) e a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais (DPMG) orientaram a empresa Gol Linhas Aéreas Inteligentes sobre a necessidade de cumprimento dos termos de garantia do direito à identificação de pessoas migrantes, solicitantes de refúgio e refugiadas, a despeito de sua regularidade migratória, para fins de embarque em voos domésticos.

O documento foi ratificado pelas respectivas Defensorias Públicas diante de uma ocorrência envolvendo uma passageira durante uma tentativa de embarque no Aeroporto Internacional de Confins em agosto deste ano. No registro, um casal – de nacionalidade venezuelana e etnia indígena e solicitante de refúgio – foi impedido de embarcar para a cidade de Porto Seguro, na Bahia, sob a alegação dos agentes aeroportuários de que a cédula de identidade da passageira estaria vencida.

Embora apresentasse para realização do embarque nacional documentos de identificação com foto (Carteira de Identidade de Estrangeiro, emitida no Brasil e Carteira de Identidade emitida na Venezuela), alegado ser pessoa indígena, solicitante de refúgio – originária do país de origem internacionalmente reconhecido pela grave crise humanitária – e ter, ainda, argumentado que seu embarque estaria amparado pela Portaria nº 28/2022 da Polícia Federal, o embarque não foi autorizado pelos agentes da referida companhia aérea. Situação que, além de constrangimento, gerou enorme prejuízo emocional e financeiro ao casal, diante das exigências adotadas.

O que diz a lei

Publicada em 24 de maio de 2017, a Lei n. 13.445 – denominada de Lei de Migração, que substituiu o antigo Estatuto do Estrangeiro (Lei n. 6.815/1980) – regulamenta a situação das/os migrantes no Brasil e busca combater as contradições da norma anterior, refletindo mudança de paradigmas, enaltecendo a condição de sujeito de direitos das/os migrantes, de modo a promover direitos e oportunidades com vistas à sua integração no país.

Sobre o reconhecimento de direitos às/aos migrantes, a nova lei declara, ainda, um amplo rol que inclui, dentre outros, o direito à reunião familiar, o amplo acesso à justiça e à assistência jurídica integral e gratuita às/aos que comprovarem insuficiência de recursos, além da isenção das taxas para as pessoas em condições de hipossuficiência econômica.

Amparada pelos blocos de constitucionalidade e convencionalidade, a Lei de Migração consagra, em favor de pessoas não nacionais, uma série de direitos e impõe ao Poder Executivo princípios e diretrizes para a gestão da mobilidade humana.

A normativa estipula como orientações da política migratória brasileira, dentre outros, os princípios de não-discriminação em razão dos critérios ou dos procedimentos pelos quais a pessoa foi admitida em território nacional, da não criminalização da migração, da regularização documental, da igualdade de tratamento, do acesso igualitário e livre da/o migrante a serviços, programas e benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social.

Por definição legal, destaca-se ainda que a solicitação de refúgio não é condicionada à apresentação de documentos do país de origem, em especial nas hipóteses de pessoas refugiadas, situação de grave e generalizada violação de direitos humanos no seu país de origem, como é o caso da Venezuela, em que as pessoas chegam ao Brasil em situação precária, portando poucos documentos. Esta condição torna comum a refugiadas e refugiados a não disponibilidade de passaporte do país de origem.

Assim sendo, pessoas migrantes, refugiadas e solicitantes de refúgio podem portar em mãos diferentes documentos, a depender de sua modalidade migratória:

– Carteira de Registro Nacional Migratório (CRNM), anteriormente conhecida como Carteira de Identificação de Estrangeiro/Registro Nacional de Estrangeiro (CIE/RNE);

– Documento Provisório de Registro Nacional Migratório (DP-RNM);

– Protocolo Provisório de Solicitação de Refúgio;

– Todos os documentos brasileiros emitidos em seu favor, tais como Carteira Nacional de Habilitação, carteiras de identificação profissional e Carteira de Trabalho e Previdência Social.

Diante dos esclarecimentos, as Defensorias Públicas da União e do Estado de Minas Gerais recomendam que os responsáveis pelas respectivas linhas aéreas que operam, em especial no Aeroporto de Confins, que “orientem suas e/ou seus agentes aeroportuários a realizarem a identificação e o embarque de pessoas migrantes, solicitantes de refúgio e refugiadas, por meio de quaisquer documentos de identificação civil, ainda que com data de validade expirada.

O documento menciona que “a presente recomendação não esgota a atuação da Defensoria Pública da União e da Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais sobre o tema, não excluindo futuras recomendações ou outras iniciativas pertinentes ao seu objeto, inclusive a adoção de medidas judiciais”.

A DPU e a DPMG se colocam ainda à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários sobre a recomendação acima exposta, bem como fornecer subsídios e construir debate público acerca do tema nela abordado.

 

 

 

 

 

Matéria, originalmente publicada no site,defensoria.mg.def.br(06/09/2022). Por Assessoria de Comunicação - Jacques Leal  – Jornalista/DPMGPara ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

Revisão Periódica Universal da ONU: 10 pontos do relatório do Brasil sobre direitos humanos

Enviado em 09/09/2022 - 13:50

Conselho de Direitos Humanos reconhece os impactos negativos das sanções impostas por grandes potências a mais de 50 países em todo o mundo (Foto: Elma Okic/ONU)

As ações destacadas pelo Estado na área de direitos humanos não refletem ameaças e retrocessos dos últimos anos; veja análise da Conectas


 

Em novembro de 2022, o Brasil passa pela avaliação do 4º Ciclo do Mecanismo de RPU (Revisão Periódica Universal), que acontece no Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça. Trata-se de uma sabatina pela qual passam todos os 193 Estados-membros das Nações Unidas, que acontece a cada quatro anos e meio, aproximadamente, e que funciona como uma espécie de prestação de contas na área dos direitos humanos. 

Na ocasião, os Estados-membros fazem recomendações ao país tendo como base três documentos: o que o Brasil diz sobre si mesmo; os problemas apontados pela sociedade civil; e o compilado de relatórios de agências da ONU sobre os direitos humanos no país. 

Em maio, o governo divulgou o Relatório do Estado Brasileiro, elaborado pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que reuniu as ações desenvolvidas pelo Estado em matéria de direitos humanos, relacionadas às recomendações feitas no terceiro ciclo. 

No final de agosto, o Brasil passou por uma pré-sessão na ONU no âmbito da RPU e divulgou o relatório atualizado. Após a análise do documento governamental, o Coletivo RPU, composto por 30 organizações brasileiras que acompanham o processo de revisão, afirmou, em nota, que o relatório do Estado brasileiro “está muito longe de espelhar a triste realidade atual, os desmontes e os retrocessos dos direitos humanos havidos no país nos últimos anos”.

Antes disso, a sociedade civil brasileira também apresentou diversos relatórios ao mecanismo RPU em que demonstra a realidade dos direitos humanos no país e aponta alguns caminhos. 

A Conectas analisa 10 temas abordados pelo governo. Acompanhe: 

O que diz o governo sobre democracia 

relatório do Estado brasileiro cita o termo democracia para dizer sobre a reeleição do país no Conselho de Direitos Humanos da ONU. De acordo com o documento, o governo tem compromisso com a promoção e a proteção dos mais altos padrões de direitos humanos, e com a defesa da democracia e o pleno funcionamento do Estado de direito.

Realidade

De ataques à imprensa a discursos que criam uma atmosfera de rompimento antidemocrático, as ofensivas contra o Estado de direito se tornaram comuns no Brasil. Os ataques ao sistema eleitoral brasileiro – colocando em dúvida a eficiência das urnas eletrônicas – e a ministros de cortes superiores, por exemplo, foram alvos de denúncias da sociedade civil, dentro e fora do Brasil. A participação social, essencial no Estado de Direito, também foi atacada pelo governo desde seu início, em 2019. Decretos, medidas provisórias, portarias e projetos de lei tentaram barrar, vigiar,  enfraquecer ou mesmo criminalizar a sociedade civil. O uso da extinta Lei de Segurança Nacional, revogada em setembro de 2021, para perseguir opositores, as investidas para aprovar uma agenda de propostas que visam expandir a legislação “antiterrorismo”, além das tentativas de contratar sistemas de espionagem utilizados por governos autoritários e do desenvolvimento de ferramentas de vigilantismo utilizadas sem parâmetros legais dão conta de explicar como a atual gestão federal não tem compromisso com os valores democráticos.  

O que diz o governo sobre o combate ao racismo 

O documento ressalta a importância do combate ao racismo, destacando a promulgação da Convenção Interamericana contra o Racismo, a Descriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância como parte integrante do ordenamento jurídico brasileiro com status hierárquico equivalente ao de Emenda Constitucional. Entre outros exemplos, sublinha também ações de diálogos sociais, como o lançamento de cursos, campanhas, fóruns e aplicativos, além de investimentos no enfrentamento da prevenção da violência contra mulheres, crianças e adolescentes. 

Realidade

O relatório mostra que, na prática, o Estado brasileiro está enfrentando o racismo estrutural com cursos online sobre a temática, ação extremamente limitada diante do desafio de combate a discriminação racial. O Brasil recebeu mais de 50 recomendações relacionadas à segurança pública no último ciclo de revisão. Apesar disso, não menciona esforços para reduzir a letalidade policial ou o encarceramento em massa, que atingem sobretudo a população negra. Também não há menção sobre a tipificação como crime da prática do desaparecimento forçado cometido por agentes públicos. 

A violência policial contra pessoas negras não é tratada, apesar de ser um grave problema: em 2021, enquanto as pessoas brancas morreram 31% menos, as negras morreram 5,8% mais em casos de letalidade causada por agentes públicos de segurança, de acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. As chacinas ocorridas no Rio de Janeiro nos últimos anos, a despeito das decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) no âmbito da ADPF das Favelas; o assasinato de Genivaldo de Jesus Santos pela PRF em Sergipe e a morte de Beto Freitas por seguranças de uma unidade do Carrefour no Rio Grande do Sul, são alguns exemplos das consequências da falta de compromisso do Estado com políticas antirracistas.

O que diz o governo sobre migração e refúgio 

O relatório governamental afirma que o Brasil abriga, atualmente, mais de 345 mil pessoas originárias da Venezuela, entre migrantes, refugiadas e solicitantes de refúgio. Nesse sentido, o governo destaca a Operação Acolhida como base da resposta brasileira ao fluxo migratório venezuelano. Além disso, o texto cita que o Brasil “tem concedido vistos humanitários para sírios, afegãos e ucranianos que chegam ao país, fugindo de conflitos em seus países de origem” e elenca, de forma genérica, outras ações em andamento na área, como a criação de um sistema digital integrado de informações sobre tráfico de pessoas. 

Realidade

O relatório não apresenta quaisquer atividades em relação à implementação da Lei de Migração (Lei 13.445/2017), a políticas de reassentamento para pessoas refugiadas ou à elaboração de um Plano Nacional de Integração, como recomendaram alguns países no ciclo anterior da RPU. Apesar de mencionar a Operação Acolhida, o governo federal adotou uma postura discriminatória para tratar migrantes venezuelanos e venezuelanas que buscavam entrar no Brasil durante a pandemia de covid-19. Por meio de mais de 30 portarias interministeriais, o país permitiu, entre outras coisas, a deportação imediata de pessoas, ainda que elas tenham direito ao refúgio. Ao invés de adotar medidas sanitárias contra a disseminação do vírus nas fronteiras terrestres, o Estado brasileiro colocou em risco a vida dessas pessoas, como demonstraram diversas organizações da sociedade civil. Ainda que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) tenha relatado à Conectas que não houve orientação da agência para proibir, de forma segregada, a entrada de pessoas oriundas de países que fazem fronteira com o Brasil, o Estado manteve essa postura por mais de um ano, gerando disputas até judiciais. 

O que diz o governo sobre proteção dos povos indígenas e quilombolas

O Estado brasileiro destaca no relatório que financiou a aquisição e a distribuição de mais de 400 mil cestas de alimentos para famílias indígenas e quilombolas entre os anos de 2020 e 2021 e que, desde o início da pandemia de covid-19, se empenhou em proteger os grupos mais vulneráveis, especialmente povos indígenas. 

Realidade

No 3º Ciclo da RPU, o país recebeu 34 recomendações que direta e indiretamente versavam sobre preocupações com a situação dos povos indígenas e do meio ambiente. Essas recomendações apontavam para a necessidade do Brasil avançar na promoção e no respeito aos direitos indígenas, continuar com a demarcação de terras indígenas, prevenção do racismo, obrigação de realizar consultas prévias e outros temas. Porém, ao contrário da realidade atual, o documento do Brasil não cita os temas principais que afetam os povos originários e tradicionais (como os quilombolas), como direito ao território e respeito ao seus modos de vida. Na prática, nos últimos anos se intensificaram os ataques a tais direitos no Brasil a partir da proposição de uma série de legislações que violam os direitos dos povos tradicionais e originários – o chamado Pacote da Destruição. O descaso do poder executivo e a agenda anti-indígena no Congresso Nacional ameaçam a existência desses povos. Durante a pandemia, organizações indígenas e quilombolas recorreram ao STF em busca de proteção não apenas para combater a covid-19, mas também para expulsar invasores que exploram ilegalmente suas terras em atividades econômicas ilegais como o garimpo, a grilagem e a venda ilegal de madeira e gado.

O que diz o governo sobre o enfrentamento à pandemia de covid-19

O documento governamental cita, de forma difusa, diversas ações tomadas durante a pandemia de covid-19 para proteger a saúde da população brasileira, em especial, dos grupos mais vulneráveis. Além disso, o texto cita o impacto positivo do auxílio emergencial para a economia do país. 

Realidade 

A pandemia de covid-19 é um grande exemplo de como o Estado brasileiro não tem compromisso com o direito à vida da população. Como demonstrou a CPI da Covid no Senado – com base em documentos, testemunhas e estudos, como o 10ª edição do Boletim Direitos na Pandemia, uma iniciativa do Cepedisa (Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário da Universidade de São Paulo), em parceria com a Conectas, – o governo federal barrou sistematicamente ações para conter a disseminação do vírus, defendendo a chamada imunidade coletiva e o tratamento com medicamentos ineficazes para a doença. Um dos casos mais emblemáticos no período foi a falta de oxigênio em  hospitais de Manaus (AM).

O que diz o governo sobre reparação dos afetados por rompimento de barragens

Em relação ao rompimento das barragens de rejeitos da Samarco, em 2015, e da Vale, em 2019, por exemplo, o relatório governamental afirma que adotou todas as medidas judiciais e extrajudiciais pertinentes para apoiar as famílias e comunidades afetadas pelos rompimentos em Mariana e Brumadinho. O documento afirma ainda que medidas preventivas vêm sendo tomadas e realizadas audiências públicas com representantes da academia, da sociedade civil e do poder público para produção de posicionamentos técnicos. Entre eles, evidenciou-se a necessidade de recomendar que o direito ao auxílio emergencial caracterize verba de natureza alimentar, não indenizatória, destinado a todas as pessoas que contribuam para a para monitorar e realizar a manutenção das estruturas das barragens a fim de evitar novos desastres. 

Realidade

Conforme demonstrado pelo relatório enviado ao mecanismo da RPU pelas comunidades atingidas, com apoio da Conectas, a criação dos comitês não contou com participação efetiva das comunidades, além da existência de uma série de discussões judiciais e acordos extrajudiciais que causam confusão de entendimento às pessoas atingidas. No geral, a Conectas avalia que as medidas apresentadas pelo governo são insatisfatórias, os responsáveis continuam impunes, não há respeito ao princípio da centralidade das vítimas, nem participação e transparência nos acordos. Assim, o acesso à justiça continua sendo violado enquanto as pessoas afetadas ainda aguardam seu direito à indenização, reparação, cobrando por medidas de não repetição. Ademais, cumpre salientar que, no tocante à intersecção entre direitos humanos e ambientais, os danos causados à natureza não foram satisfatoriamente reparados, havendo, ainda, regiões inteiras cobertas pela lama e por resíduos decorrentes dos desastres.

O que diz o governo sobre políticas de gênero 

O documento menciona que o Estado brasileiro assinou a Declaração Consensual de Genebra sobre a Promoção da Saúde da Mulher e do Fortalecimento da Família como algo importante na defesa dos direitos humanos das mulheres. O Auxílio Emergencial também é citado como uma política fundamental na garantia dos direitos das mulheres. O governo também cita que está trabalhando em prol da população LGBTI+. 

Realidade

O chamado Consenso de Genebra é uma aliança antiaborto e contra direitos humanos de mulheres e meninas composta apenas por 36 países. Foi criado em 2020 pelos Estados Unidos em Genebra (Suíça) durante a era Trump, com total apoio do Brasil. Com a chegada de Joe Biden à Casa Branca, os norte-americanos deixaram o grupo e o Brasil assumiu a liderança, tendo como principal missão incluir novos países, como ocorreu com a Rússia – conhecida pelo conservadorismo nas políticas de gênero. Ignorando compromissos internacionais e contradizendo a definição constitucional do direito à vida, o Estado brasileiro, por meio do Consenso de Genebra,  apenas reafirma uma posição ultraconservadora no tema. Recentemente, foi a vez da Colômbia deixar o tratado. Já entidades brasileiras que acompanham a RPU enviaram relatório a Nações Unidas recomendando o fortalecimento de mecanismos de denúncia de violações dos direitos da população LGBTI; e a criação de políticas de inclusão da sexualidade e diversidade de gênero na educação.  Sobre as pessoas LGBTI+, o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos reduziu os gatos com políticas públicas para esta população. 

O que diz o governo sobre combate ao trabalho escravo

O documento do Estado cita que o Brasil realizou campanhas contra o trabalho escravo e organizou o programa nacional de capacitação prática de Auditoras-Fiscais do Trabalho para enfrentamento ao trabalho escravo doméstico. Outra ação listada é um serviço de apoio a vítimas de trabalho escravo. 

Realidade

Os mecanismos de combate ao trabalho escravo no Brasil tornaram o país uma referência em políticas públicas de fiscalização de trabalho escravo e amparo às vítimas, tendo contribuído para o resgate de mais de 57 mil pessoas entre 1995 e 2021. Porém, uma série de ameaças e contratempos colocam em risco o trabalho desenvolvido por esses mecanismos nas últimas décadas. Relatório elaborado pela Conectas, em parceria com a Adere-MG (Articulação dos Empregados Rurais de Minas Gerais), Business & Human Rights Resource Centre e Oxfam Brasil, indica que o governo tem usado a justificativa da crise econômica para flexibilizar direitos e deixar de investir em políticas sociais. De acordo com o documento, em um cenário de crise agravada pela pandemia, o Brasil precisa agir para evitar que novas pessoas sejam aliciadas e vítimas desse crime e resgatar aqueles que já estão em situação de violação de seus direitos humanos. Junto disso, com o contingenciamento orçamentário para o combate ao trabalho escravo e a escassez de auditores fiscais em atividade, o efetivo combate ao trabalho escravo fica cada vez mais comprometido. 

O que diz o governo sobre combate à tortura

O governo brasileiro afirma em seu relatório que publicou portarias, manuais e orientações para bater a prática de tortura no país. Ironicamente, o documento também cita decisão do STF, de 2022, que determinou o restabelecimento dos cargos remunerados dos peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, criado em 2013. Vale lembrar que foi justamente o governo federal que exonerou os peritos, abolindo a remuneração para o cargo.

 Realidade 

Apesar das  recomendações  recebidas de órgãos internacional, o Brasil ainda não conseguiu erradicar a tortura no país. Pelo contrário, nos últimos anos, o combate à prática tem sido alvo de ataques de ações governamentais, como um decreto de 2019 que exonerou onze peritos do MNPCT (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), órgão ligado ao Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos e responsável por fiscalizar torturas e maus-tratos em estabelecimentos de privação de liberdade. Além da exoneração dos cargos, o decreto determina que a atuação no órgão passará a ser considerada “prestação de serviço público relevante, não remunerada”.

 Conectas, Agenda Nacional pelo Desencarceramento, Justiça Global, Pastoral Carcerária Nacional e World Organization Against Torture resgatam, em relatório enviado a RPU, documentos anteriores com estas recomendações que visam dar fim na tortura no Brasil e apresenta novas propostas como a construção de um banco de dados com todas as denúncias de tortura decorrentes de audiências de custódia e a proibição do uso de armas letais dentro das unidades prisionais.

O que diz o governo sobre o Sistema de Justiça e Segurança Pública

No relatório, o governo cita leis anti-terrorismo promulgadas no ano de 2019, como forma de adequação da legislação interna aos parâmetros internacionais para prevenção e repressão à conduta tipificada como terrorismo. Em uma nota de rodapé, o governo cita a entrega do relatório de cumprimento à Convenção Internacional contra o Desaparecimento Forçado de Pessoas também em 2019. Essas são as únicas medidas, ainda que não sejam concretas, supostamente direcionadas para o campo da segurança pública que vinculam o sistema de justiça brasileiro às boas práticas recomendadas pela comunidade internacional. Não há menções sobre a atuação da Justiça Militar.

Realidade

A superficialidade a qual são tratados os temas da segurança pública e do sistema de justiça é sintomático da falta de compromisso e coerência do atual governo com ambos. Isso porque, ao passo que o relatório faz questão de enfatizar os supostos esforços para adequar sua legislação interna com os parâmetros internacionais, não há sequer uma palavra sobre a ampliação de competência da Justiça Militar brasileira que se deu justamente no primeiro ano do novo ciclo de revisão universal (Lei nº 13.491/2017) e que já foi apontada como inconstitucional e incompatível com as boas práticas em âmbito internacional, sobretudo, o julgamento de civis pela Justiça Militar como prevê a atual legislação interna (ver ADPF nº 289). Embora o governo cite expressamente o cumprimento da Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra o Desaparecimento Forçado, também não há menções à adequação da legislação brasileira no tocante à tipificação penal do desaparecimento forçado, conforme preceitua a própria Convenção. Essa medida é especialmente importante para que haja a responsabilização do Estado por crime praticado por seus agentes, ou omissões quanto a investigação e tutela das vítimas desse crime.

 

 

Matéria, originalmente publicada no site,www.geledes.org.br (09/09/2022). Por De Conectas .Para ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

 

Associação Brasileira de Antropologia aprova moção de apoio à Carta pela Saúde de Migrantes

Enviado em 06/09/2022 - 12:31

Reprodução

Moção foi redigida e submetida pelo Comitê Migrações e Deslocamentos da ABA, que integra a FENAMI. Texto foi aprovado com 96 votos, e sem ressalvas.

 


 

A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) aprovou em sua última Assembleia Geral uma Moção de apoio à Carta Compromisso pela Saúde de Migrantes e à garantia de equidade no SUS para as populações migrantes, refugiadas e apátridas residentes no Brasil. A moção foi redigida pelo Comitê Migrações e Deslocamentos da ABA, que integra a Frente Nacional pela Saúde de Migrantes. O texto recebeu 96 votos favoráveis, e foi a única moção a ser aprovada sem ressalvas pela Assembleia.

 

A moção é endereçada à Frente Nacional pela Saúde de Migrantes, aos organizadores da 1ª Plenária Saúde e Migração, aos movimentos sociais organizados de migrantes, às candidaturas ao pleito eleitoral de 2022 e à Comissão Mista de Migrações e Refúgio do Congresso Nacional. O texto frisa a a importância de garantir a pluralidade nas políticas públicas, e expressa a disposição da ABA em somar-se à Frente Nacional pela Saúde de Migrantes (FENAMI) para demandar a plena atuação de representantes nas Assembleias Legislativas estaduais, à Câmara Federal e ao Senado na formulação de uma agenda mínima de iniciativas que garantam a equidade do SUS para as populações migrantes. Além disso, expressa também apoio à Carta Compromisso pela Saúde de Migrantes, colocando a Associação Brasileira de Antropologia à disposição para colaborar com membros do Legislativo que comprometam-se com essa agenda.

 

A Carta Compromisso pela Saúde de Migrantes já conta com o apoio de 22 candidaturas às Assembleias Legislativas, 22 candidaturas à Câmara Federal e 1 candidatura ao Senado em 7 estados.

 

Confira abaixo a íntegra do texto da moção aprovada pela ABA:

 
 
 

Moção de apoio à Carta Compromisso pela Saúde de Migrantes e à garantia de equidade no SUS para as populações migrantes, refugiadas e apátridas residentes no Brasil

 
 
 

À Frente Nacional pela Saúde de Migrantes

 

Aos organizadores da 1ª Plenária Nacional Saúde e Migração

 

Aos movimentos sociais organizados de migrantes

 

Às candidaturas ao pleito eleitoral de 2022

 

À Comissão Mista de Migrações e Refúgio do Congresso Nacional

 
 
 

O Sistema Único de Saúde é uma conquista inestimável da sociedade brasileira. Sua universalidade, que garante acesso à saúde a todas/os/es, representa um marco histórico nas políticas de seguridade social do país. A universalidade, no entanto, só pode ser assegurada por meio da garantia da equidade, com a estruturação de ações que tornem o SUS responsivo às desigualdades constituintes da sociedade brasileira, observando de maneira diligente as particularidades sociais, econômicas e culturais das populações atendidas e provendo cuidado diferenciado em saúde na medida em que diferenças sociais, econômicas e culturais estão colocadas.

 

As populações migrantes residentes no Brasil são profundamente diversas e plurais, abarcando uma miríade de nacionalidades e de origens étnicas e raciais. Estima-se que haja 1,3 milhão de migrantes internacionais residindo atualmente no país, e, na última década, presenciamos um aumento de quase 25% da população migrante no Brasil. Grande parte deste contingente é formado por migrantes negros e indígenas oriundos de países como Haiti, Bolívia, Venezuela, Angola, República Democrática do Congo, Nigéria, Senegal, entre outros. Muitos destes migrantes têm acesso negado ou dificultado ao SUS, situação agravada durante a pandemia de Covid-19, o que fere frontalmente a universalidade do Sistema.

 

A 1ª Plenária Nacional Saúde e Migração, realizada em 2021 e da qual o Comitê Migrações e Deslocamentos da Associação Brasileira de Antropologia integrou a Comissão Organizadora, demonstrou que ações direcionadas à garantia da equidade no SUS são urgentes para garantir o acesso à saúde pública por essas populações, respeitando e observando suas diferenças linguísticas, culturais, étnico-raciais, econômicas e sociais, e garantindo o acesso ao SUS independente de suas situações migratórias ou documentais. Suas 174 propostas aprovadas foram fruto de amplo debate realizado pela sociedade civil e diferentes níveis de gestão do SUS.

 

Considerando a urgência em pensarmos na construção de uma estratégia específica de atenção à saúde para migrantes;

 

Considerando a importância de garantir a pluralidade nas políticas públicas, que considere suas especificidades e que inclua o preparo e treinamento das equipes de Atenção Primária, Secundária e Terciária para o atendimento de tal população;

 

Considerando que a presença de antropólogos e a construção de um ambiente pluridisciplinar são fundamentais para que, junto às populações migrantes, seja construída e efetivada uma Política Nacional de Saúde dos Migrantes como forma de garantir a equidade no SUS;

 

A Associação Brasileira de Antropologia expressa sua disposição em somar-se à Frente Nacional pela Saúde de Migrantes (FENAMI), articulação integrada pelo Comitê Migrações e Deslocamentos da ABA, para demandar a plena atuação de representantes nas Assembleias Legislativas estaduais, à Câmara Federal e ao Senado na formulação de uma agenda mínima de iniciativas que garantam a equidade do SUS para as populações migrantes. Expressamos também apoio à Carta Compromisso pela Saúde de Migrantes, documento formulado pela FENAMI destinado a angariar apoio de candidaturas no pleito eleitoral de 2022 para a garantia de equidade no SUS para migrantes internacionais, nos colocando à disposição para colaborar com membros do Legislativo que se comprometam com essa agenda.

 

Clamamos também que parlamentares atuem pela aprovação, regulamentação e implementação da Política Nacional de Atenção à Saúde das Populações Migrantes, Refugiadas e Apátridas e pela elaboração de Políticas Estaduais análogas, promovendo esforços em seus estados visando à construção de ações que promovam a equidade para migrantes no acesso e no usufruto do SUS. Por fim, demandamos que as candidaturas postas na arena pública se comprometam com o aumento do número de profissionais de saúde migrantes atuando no SUS, tendo especial ênfase na contratação de agentes comunitários de saúde imigrantes nos territórios que registram maior presença dessas populações.

Carta, originalmente publicada no site,www.fenami.org (05/09/2022). Por FENAMIPara ter acesso ao texto original, clique neste link!

Vídeos em cinco idiomas orientam sobre o processo do refúgio no Brasil

Enviado em 22/08/2022 - 14:37

Foto: Reprodução/ YouTube MJSP

 

Vídeos foram feitos a partir de uma parceria entre o Ministério da Justiça e a DPU e contaram com a participação de pessoas que vieram como refugiadas para o Brasil


Para orientar solicitantes de refúgio e refugiados sobre seus direitos e deveres, além do próprio processo de concessão do refúgio no Brasil, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e a Defensoria Pública da União (DPU) lançaram vídeos educativos em seus canais de comunicação.

O objetivo dos vídeos é informar sobre as fases do processo de refúgio, principalmente acerca da entrevista de elegibilidade, considerado um dos momentos mais importantes do processo. É importante que os solicitantes do refúgio, cheguem à entrevista preparados e com claro entendimento do que será tratado. A entrevista poderá ocorrer de forma presencial ou online e, nela, o solicitante do refúgio deverá informar ao entrevistador os fatos e condições que o levaram a sair de seu país de origem.

É importante que o solicitante fique atento ao seu e-mail e WhatsApp, mantendo-os atualizados, pois é através de um desses meios de comunicação que o CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) entrará em contato com a pessoa. O processo de solicitação do refúgio poderá levar anos e a entrevista é a última etapa.

A elaboração do material de apoio contou com a participação do casal de palestinos Oula e Salim Alsaghir, que foi responsável pela tradução e locução dos vídeos em árabe. Ambos haviam sido reconhecidos refugiados pelo Conare em 2015 e hoje são brasileiros naturalizados.

“Esses vídeos trazem informações muito importantes para quem pede refúgio no Brasil, porque esclarecem dúvidas que todos têm sobre o processo”, explicou Salim, em comunicado conjunto divulgado pela DPU e Ministério da Justiça.

Ao chegar ao Brasil

Ao chegar ao Brasil, o solicitante de refúgio deverá preencher formulário no SISCONARE (https://sisconare.mj.gov.br/conare-web/login?1) e comparecer a uma unidade da Polícia Federal para concluir o pedido.

Na PF, o migrante deverá solicitar o Protocolo de Refúgio e o DPRNM (Documento Provisório de Registro Nacional Migratório). Esses dois documentos deverão ser guardados adequadamente pois são eles que garantem ao migrante os seus direitos no Brasil.

Preparação para a entrevista

É importante que o solicitante do refúgio organize sua história de forma clara antes da entrevista, podendo, inclusive, fazer anotações e levá-las para que sejam consultadas durante as perguntas. Quanto mais organizado estiver esse registro, assim como mais documentos houver que comprovem os fatos, melhor. O vídeo informa sobre os assuntos e perguntas que poderão ser realizadas na entrevista.

A entrevista é individual e será realizada por um representante do CONARE, o Oficial de Elegibilidade. É importante que o celular esteja desligado durante a entrevista e a mesma será gravada. Toda informação do processo de solicitação do refúgio é sigilosa, portanto, o solicitante pode se sentir seguro em contar a sua história ao oficial de elegibilidade.

As perguntas dirigidas ao solicitante poderão ser, por exemplo: como era sua vida no país de origem? Se pertence a alguma comunidade étnica? Se exercia atividade remunerada? Se prestou serviço militar? Se já foi preso? Quando e como chegou ao Brasil? Se os familiares vieram com a pessoa? Caso tenha sofrido perseguição, como isso aconteceu e como lhe afetou?

As informações mais importantes são relativas ao que o refugiado viveu em seu país de origem e aos motivos que o levaram a abandoná-lo.

Após a entrevista

Após a entrevista, o caso será submetido à deliberação do CONARE. Em seguida, o solicitante será notificado acerca da decisão, que é enviada à Polícia Federal.Caso o pedido seja aceito, o refugiado terá autorização de residência no Brasil por tempo indeterminado, desde que compareça a uma unidade da Polícia Federal e obtenha a CRM (Carteira de Registro Nacional Migratório). Caso o pedido não tenha sido aceito, é possível que a pessoa, em até 15 dias, entre com recurso junto à Polícia Federal.

A depender do caso, há outras possibilidades de regularização migratória disponíveis, como, por exemplo, o pedido de autorização de residência no Brasil. Importante lembrar, que, caso tenha obtido o status de refugiado, existe a possibilidade de que tal condição seja estendida a familiares (emissão de visto para “reunião familiar”). Após quatro anos do pedido, o refugiado poderá solicitar naturalização brasileira.

Direitos dos solicitantes de refúgio no Brasil

  • não poderão ser expulsos do Brasil (Princípio Internacional do non-refoulement);
  • não poderão ser penalizados se tiverem entrado no país de forma irregular (não estão sujeitos à deportação);
  • obtenção de Cadastro de Pessoa Física (CPF);
  • obtenção de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS);
  • abrir conta bancária;
  • acesso à educação e saúde pública;  
  • acesso ao CRAS (Centro de Referência da Assistência Social);
  • acesso à Previdência Social, desde que seja contribuinte;
  • direito à livre movimentação pelo território brasileiro.

Deveres dos solicitantes de refúgio no Brasil

Em relação aos deveres, o solicitante de refúgio deverá renovar sua documentação anualmente (a validade tanto do DPRNM como do Protocolo de Refúgio é anual, e o pedido de renovação poderá ser feito em até 6 meses do fim do prazo de validade). Caso tais documentos não sejam renovados, o processo de refúgio será extinto e o migrante poderá ficar irregular no Brasil;

É sugerido ao solicitante a entrada no site do SISCONARE ao menos uma vez por mês para verificar as atualizações de seu processo e manter seus dados atualizados (principalmente telefone e endereço).

Caso o solicitante tenha que viajar ao exterior durante período em que o processo estiver tramitando, é importante que a pessoa comunique a viagem ao CONARE através do e-mail: viagem.conare@mj.gov.br.

Caso queira viajar ao seu país de origem ou qualquer outro país por mais de 12 meses, ou quando venha a utilizar seu passaporte de origem, o refugiado deverá realizar uma solicitação junto ao CONARE, visto que, caso não o faça, estará sujeito à perda do reconhecimento de sua condição de refugiado.

O não cumprimento de tais deveres poderá resultar no arquivamento do processo de refúgio.

Qualquer dúvida sobre refúgio ou regularização migratória, o migrante pode procurar a Defensoria Pública da União (DPU), que possui 70 unidades em todo o Brasil. Para localizar a unidade mais próxima, basta acessar o site: http://dpu.def.br/contatos/dpu.

Refugiados no Brasil

Segundo dados do relatório Refúgio em Números, divulgado em junho pelo governo federal, o Brasil já reconheceu um total de 60.011 pessoas como refugiadas. Foram 3.086 solicitações deferidas pelo Conare ao longo do último ano, de um total de 70.933 analisadas, o equivalente a 4,3% do total.

Segundo o governo federal, o motivo pelo baixo reconhecimento registrado em 2021 foi a ausência dos solicitantes à entrevista de refúgio e sem justificativa. Dessa forma, o pedido é rejeitado sem análise do mérito. A extinção ocorre também quando o solicitante consegue autorização para residência no Brasil pelos termos da Lei de Migração.

Maior nacionalidade entre os refugiados no Brasil, os venezuelanos representaram a maioria dos 29.107 pedidos de refúgio feitos ao Conare em 2021 (78,5%), seguido por cidadãos de Angola (6,7%), Haiti (2,7%), Cuba (1,8%) e China (1,2%). Os demais países somam 9%, formando um conjunto de 117 nacionalidades.

De acordo com o comitê, 72% das solicitações de refúgio foram registradas na região Norte do Brasil. Estado que forma tríplice fronteira do Brasil com Peru e Bolívia, o Acre foi o que registrou o maior volume de solicitações analisadas (47,8% do total). 

 

As produções estão disponíveis com áudios e legendas em cinco idiomas: português, inglês, francês, espanhol e árabe, a partir da playlist abaixo:

 

 

 

Matéria, originalmente publicada no site, migramundo.com(22/08/2022). Por  João Gabriel Tavares - Equipe MigramundoPara ter acesso ao texto original, clique neste link!

Um terço dos candidatos à Presidência cita migrações em programas de governo

Enviado em 19/08/2022 - 14:08

Crédito: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Apenas quatro das doze candidaturas registradas à Presidência junto à Justiça Eleitoral fazem pelo menos menção às migrações em seus planos de governo

 


 

Embora a migração internacional tenha ganhado espaço no debate público no Brasil nos últimos anos, especialmente por conta dos fluxos de haitianos e venezuelanos, o tema ainda desperta pouca atenção por parte dos políticos. O mesmo vale para a questão dos brasileiros no exterior. Pelo menos é o que os candidatos à Presidência da República dão a entender a partir de seus planos de governo.

O prazo para registro de candidaturas terminou na segunda-feira (15) e a campanha eleitoral começa exatamente nesta terça-feira (16). E dos 12 candidatos habilitados a concorrer ao Palácio do Planalto, somente quatro ao menos mencionam a temática nesses documentos. A proporção é semelhante à verificada em 2018, quando apenas quatro dos 13 postulantes ao Planalto citavam as migrações em seus planos de governo.

As informações constam no cadastro de cada candidato na plataforma DivulgaCand, elaborada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). De acordo com os documentos disponíveis, apenas Lula (PT), Simone Tebet (MDB), Vera Lúcia (PSTU) e Felipe D’Ávila (Novo) fazem menção ou trazem alguma proposta relacionada à temática migratória.

As demais oito candidaturas sequer mencionam a questão da migração, seja na gestão do tema no Brasil, seja quanto em relação aos brasileiros emigrados: Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Pablo Marçal (PROS), Roberto Jefferson (PTB), Sofia Manzano (PCB), Leonardo Pericles (UP), Soraya Tronicke (União Brasil) e José Maria Eymael (DC).

Veja abaixo o que diz cada candidato sobre as migrações em seus planos de governo.

Felipe D’Ávila (Novo)

Sem dar maiores detalhes, o candidato do Novo cita a intenção de realizar uma reforma imigratória com o intuito de atrair talentos para o Brasil.

Vale lembrar que a legislação migratória brasileira mudou em 2017, após pelo menos três décadas de debates, contando nos últimos anos com a participação da sociedade civil no processo. Entre as medidas mais recentes, o governo federal regulamentou o visto para nômades digitais, cujo intuito é justamente o de atrair profissionais de outros países com qualificação e potencial de investimento.

Segundo a mais recente pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial, divulgada em 28 de julho, Felipe D’Ávila não atingiu 1% das intenções de voto. O mesmo ocorreu em relação ao levantamento feito pelo Idec e divulgado na última segunda (15).

Lula (PT)

No Ponto 102 do programa de governo registrado junto ao TSE, a candidatura de Lula menciona que “vai defender os direitos de brasileiras e brasileiros também no exterior” e buscar uma vida melhor para as populações migrantes no Brasil, mas sem esmiuçar o assunto.

“São milhões de pessoas que trabalham, estudam e vivem fora do país e contribuem para a economia e desenvolvimento do Brasil. Retomaremos e ampliaremos as políticas públicas para a população brasileira no exterior e seus direitos de cidadania a partir de acordos bilaterais, em condições de reciprocidade, para reconhecimento de direitos e uma vida melhor para as populações migrantes”, diz o trecho do programa de governo.

Em 2009, no segundo mandato como presidente, Lula promoveu uma anistia a imigrantes indocumentados. Estima-se que 40 mil pessoas tenham sido beneficiadas pela medida.

Dentre as candidaturas que citam migrações em seus programas de governo, o petísta é o único a fazer um aceno explícito ao brasileiro residente no exterior. Segundo dados do TSE, ao menos 619,3 mil brasileiros vivendo fora do país estão aptos a votar nas eleições deste ano, contra 500,7 mil em 2018. Uma parcela do eleitorado que, no último pleito, votou em peso em Jair Bolsonaro, que acabou eleito.

Lula lidera a corrida presidencial de acordo com as principais pesquisas de intenção de voto. O petista aparece com 44% na sondagem do Idec da última segunda e figura com 47% no Datafolha de final de julho. 

Simone Tebet (MDB)

O programa de governo de Simone Tebet disponível no portal DivulgaCand cita a questão migratória dentro de um dos quatro eixos no qual está organizado, intitulado “Governo inclusivo, seguro e transparente”. Entre os princípios e compromissos citados estão “adotar medidas de proteção a refugiados e migrantes”, sem maiores detalhes.

A senadora pelo Mato Grosso do Sul tem como vice a também senadora Mara Gabrilli (PSDB), que tem tido atuação no Congresso Nacional em favor de políticas públicas e ações em benefício de pessoas migrantes. Ela é relatora da Comissão Mista do Congresso Nacional dedicada ao tema.

De acordo com a pesquisa presidencial divulgada pelo Datafolha no final de julho, Simone Tebet tem 2% das intenções de voto, ocupando a quarta posição, mesmo percentual apontado pelo Idec da última segunda.

Vera Lúcia (PSTU)

Candidata do PSTU à Presidência,  Vera Lúcia traz em seu programa de governo a defesa do livre trânsito, da documentação e do acesso à saúde para as populações migrantes no país. Também cita os migrantes internos como alvos de precarização e exploração laboral e a necessidade de combater essa realidade.

“Contra a opressão sobre os imigrantes! Existem no Brasil milhares e milhares de trabalhadores imigrantes haitianos, bolivianos, paraguaios e de muitas outras origens. Eles são superexplorados e oprimidos pela burguesia, e sofrem com a falta de emprego, de documentos, de assistência médica, de tudo. Os nordestinos sofrem uma opressão semelhante no sudeste e sul do país. Não podemos aceitar que a burguesia nos lance contra nossos irmãos trabalhadores de outras nacionalidades. Nossos inimigos são os burgueses, e não os imigrantes. Em defesa do livre trânsito internacional dos trabalhadores! Documentação, trabalho e assistência médica para os imigrantes!”

De acordo com as últimas pesquisas Idec e Datafolha, Vera Lúcia alcançou 1% das intenções de voto.

 

Matéria, originalmente publicada no site, migramundo.com(16/08/2022). Por Rodrigo Borges DelfimPara ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

 

NOTA: Prefeitura esclarece caso envolvendo venezuelanos da etnia indígena Warao

Enviado em 17/08/2022 - 09:34

 


 

A Prefeitura de Teixeira de Freitas vem, por meio de nota, esclarecer o caso envolvendo venezuelanos da etnia indígena Warao e a administração pública do município. Foi noticiado que os imigrantes que passaram por Teixeira de Freitas desembarcaram na cidade de Vitória hoje (16) em situação de abandono causada pela PMTF.

Segundo Marcelo Teixeira, secretário de Assistência Social, os membros da comunidade indígena desembarcaram em Teixeira de Freitas na última sexta-feira (12), vindos de Jequié e antes disso já estavam em peregrinação por várias cidades e estados brasileiros. Ao encontrá-los, a Secretaria imediatamente providenciou um abrigo provisório na Escola Municipal Tarsila do Amaral. Foram oferecidas alimentação, doações e atendimento médico.

 




Imagens: www.teixeiradefreitas.ba.gov.br


Devido à ausência de comunidades indígenas em território teixeirense, não há o funcionamento de políticas públicas nem verba disponível que possam fornecer a assistência adequada a este grupo. Foi feito contato com a Funai, órgão federal responsável pelos indígenas, porém não houve sucesso em conseguir apoio. Apesar disso, todo acolhimento foi feito dentro das possibilidades do município. Alguns dias após a chegada do grupo, a administração pública atendeu o pedido dos venezuelanos e forneceu transporte para a região de escolha exclusiva deles, Vitória, no Espírito Santo.

“Cabem aos municípios onde eles passarem oferecerem toda a assistência possível, de acordo com os recursos disponíveis. Fizemos nossa parte enquanto seres humanos e políticos”, disse o secretário.

Histórico

Em abril de 2021, Teixeira de Freitas também recebeu um grupo de venezuelanos da etnia Warao. Na época, também foi feito todo o acolhimento necessário, com alimentação e atendimento médico, e busca dos órgãos responsáveis para resolver a questão, mas não houve adaptação dos indígenas, que optaram por seguir viagem.

 

 

Matéria, originalmente publicada no site, www.teixeiradefreitas.ba.gov.br(16/08/2022). Para ter acesso ao texto original, clique neste link!

Indígenas venezuelanos são deixados na rodoviária de Vitória por ônibus da Bahia

Enviado em 17/08/2022 - 09:18

 

Eles estavam na cidade de Teixeira de Freitas, mas afirmam que a prefeitura enviou um ônibus com o grupo para a capital capixaba

 


 

Foto: Reprodução TV Vitória

 

O grupo de uma tribo indígena da Venezuela, com 25 integrantes, desembarcou na madrugada desta terça-feira (16) na rodoviária de Vitória. Eles foram deixados por um ônibus enviado pela Prefeitura de Teixeira de Freitas, na Bahia. Sem ter para onde ir e nem ter o que comer, eles estão em um terreno ao lado da rodoviária, no bairro Ilha do Príncipe.

A motivação de homens, mulheres, bebês, jovens e idosos terem deixado o país de origem, que faz fronteira com o Brasil, é que a Venezuela vive uma crise financeira sem precedentes. Assim, a tribo veio em busca de melhores condições de vida.

No país, os integrantes da tribo já chegaram há mais de um ano, período em que peregrinam por estados do norte e também do nordeste. Por último, segundo o cacique Ruben Mata, à TV Vitória/Record TV, eles ficaram por seis meses na cidade de Teixeira de Freitas, no sul da Bahia.

 

Foto: Reprodução TV Vitória

 

Agentes da guarda municipal e uma equipe da secretaria de Assistência Social de Vitória estiveram com os indígenas para levar água e alimento. Alguns chegaram a trazer em mãos o que tinham de essencial. Nas bagagens, além dos pertences, trouxeram um sonho de conquistar o básico: alimento, moradia, emprego e dignidade.

Também de acordo com apuração da TV Vitória, mais 21 pessoas da mesma tribo devem chegar ao Espírito Santo nas próximas horas.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Teixeira de Freitas, que ainda não deu um retorno. Já a Prefeitura de Vitória informou que por serem estrangeiros, é um tema de atuação da Polícia Federal. 

A Secretaria de Estado de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades), informou que a Prefeitura Municipal de Vitória comunicou a chegada dos indígenas venezuelanos da etnia Warao ao Estado.

O papel da Setades no atendimento a essa população, no âmbito do Sistema Único de Assistência Social (Suas), é prestar orientação técnica aos municípios com essa demanda, além de cofianciar os serviços que farão o acolhimento dessa população. Entretanto, o atendimento direto aos indígenas Warao é feito pela equipe municipal de assistência.

Também é de responsabilidade da Setades a notificação do Ministério da Cidadania (MIC), da Defensoria Pública da União (DPU) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), que já foram notificados. Além disso, por se tratar de um grupo étnico com particularidades distintas de outros grupos que já estiveram no Estado, o contato de um pesquisador da Universidade de São Paulo, familiarizado com a etnia Warao, também foi encaminhado para a equipe municipal.

Cabe reinterar que o compromisso do Estado e dos municípios, dentro do escopo da legislação socioassistencial e da Constituição Federal, é garantir a proteção social desses indivíduos e famílias e, ao mesmo tempo, respeitar a cultura e a tradição dessa comunidade indígena.

O que diz a Polícia Federal

"A Polícia Federal no Estado do Espírito Santo vem informar que: o Brasil editou o DECRETO Nº 9.285, DE 15 DE FEVEREIRO DE 2018, reconhecendo a situação de vulnerabilidade decorrente do fluxo migratório provocado pela crise humanitária na República Bolivariana da Venezuela.

Assim, em relação aos migrantes provenientes da Venezuela, cabe à Polícia Federal no estado de ingresso no Brasil (que normalmente é em Roraima) o cadastramento da solicitação de refúgio, o qual é enviado para decisão ao Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, estando autorizada a residência provisória no Brasil até o julgamento final do pedido de refúgio (art. 96, §4º do Decreto nº 9.199/2017).

Nesse cenário, cabe à Polícia Federal no Espírito Santo apenas atender os migrantes no caso de renovação anual da solicitação de refúgio ou no caso de emissão da Carteira de Registro Nacional Migratório - CRNM quando deferida a solicitação de refúgio pelo CONARE.

Vale mencionar, entretanto, que a lei de 2018, impõe uma série de obrigações e responsabilidades aos entes federativos no que tange à adoção de medidas de assistência emergencial para acolhimento essas pessoas, para proteção social, atenção à saúde, observância dos direitos humanos etc.

Portanto, trata-se de questão complexa, cabendo agora aos serviços de assistência social darem o devido acolhimento aos venezuelanos".

 

Matéria, originalmente publicada no site,www.folhavitoria.com.br (16/08/2022). Com informações do repórter Caio Dias para a TV Vitória | RecordTV. Para ter acesso ao texto original, clique neste link!

 

 

EVENTO: Trabalho, Saúde e Migração NAMIR-UFBA

Enviado em 10/08/2022 - 00:00
Olá!
Esperamos que estejam bem!
 
Agradecemos seu interesse em participar do evento Trabalho, Saúde e Migração, programação desenvolvida pelo Núcleo de Apoio a Migrantes e Refugiados (NAMIR) pertencente a Universidade Federal da Bahia (UFBA), com o propósito de informar à população migrante sobre os direitos trabalhistas e os direitos à saúde dos/as trabalhadores/as.
 
A atividade será realizada através da plataforma do Google Meet e poderá ser acessada, por meio do link disponibilizado abaixo, na data e horário sinalizados nos cards de divulgação anexados neste e-mail.
 
Data: 11 de Agosto de 2022 (Quinta-feira)
Horário: 18:00 (horário de Brasília)
Carga Horária: 2 horas
Modalidade: On-line 
Link para participação: clique neste link!
 
 
 
 
Em caso de dúvidas nos colocamos à disposição para oferecer suporte

IBGE e OIM firmam acordo para inclusão de dados sobre refugiados e migrantes venezuelanos no Censo Demográfico 2022

Enviado em 08/08/2022 - 14:15

Imagem: OIMBrasil

 


 

Lançado nesta segunda-feira (1º), o Censo Demográfico 2022 contará este ano com o apoio da OIM, Agência da ONU para as Migrações, para a coleta de dados sobre a população refugiada e migrante venezuelana em Boa Vista e Manaus. O levantamento é a principal fonte de referência sobre as condições socioeconômicas das pessoas vivendo no Brasil e incluirá na próxima edição informações referentes ao fluxo migratório venezuelano e será realizado entre os dias 1º de agosto e 31 de outubro. 

A parceria entre IBGE e OIM foi oficializada no mesmo dia, com a assinatura do Acordo de Cooperação Técnica entre as instituições. Para o Censo 2022, a OIM dará suporte na tradução para o espanhol do questionário e dos materiais de divulgação, na mobilização e divulgação da pesquisa junto aos venezuelanos que vivem fora dos abrigos federais na capital de Roraima e promovendo sessões informativas. 

"O IBGE ganha muito nessa parceria com a OIM, uma das organizações das mais antigas do sistema das Nações Unidas atuando na defesa dos direitos dos migrantes. No caso do Censo de 2022, a OIM ajudará muito na identificação e recenseamento dos venezuelanos que residem fora do sistema oficial de abrigo aos refugiados, dada a sua importante atuação neste segmento", afirma Eduardo Rios Neto, presidente do IBGE. 

A OIM irá ainda acompanhar os recenseadores, funcionários do IBGE que realizam a coleta de dados, em comunidades indígenas venezuelanas e nos Postos de Apoio e Recepção (PRA) de Boa Vista e Pacaraima, onde são oferecidos serviços e há possibilidade de pernoite. Em Manaus, informações sobre as ocupações espontâneas também estão sendo levantadas para a inclusão dessas residências na pesquisa.  

Para o desenvolvimento das atividades, a equipe da OIM participou como ouvinte no treinamento dos recenseadores e de reuniões para estabelecer a aplicação dos questionados nas localidades apontadas, respeitando as formas de moradia e cultura de refugiados e migrantes.  

Desde 2017, a OIM e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) trabalham em conjunto e discutem a importância da contabilização oficial de cidadãos da Venezuela em Roraima, estado fronteiriço com esse país, reforçadas pela entrada e permanência desse grupo populacional no estado.  

“A OIM apoia a resposta humanitária do governo brasileiro desde seu início com a produção mensal de diferentes informes que permitem conhecer dados dos refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil, possibilitando assim a realização de ações baseadas em evidências concretas. A inclusão dessa população no Censo é uma grande conquista para ampliar o conhecimento e difusão das informações”, destaca o Chefe de Missão da OIM no Brasil, Stéphane Rostiaux. 

 
 

Matéria, originalmente publicada no site, OIMBrasil (02/08/2022). Para ter acesso ao texto original, clique neste link!