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Apesar dos repetidos apelos por ações concretas para reduzir a perda trágica de vidas durante os translados migratórios em todo o mundo a cada ano, o número de mortes em 2021 ultrapassou 4.470 após a notícia de que dezenas morreram na última quinta-feira quando um caminhão lotado com migrantes tombou em Chiapas, no México. Mais de 45.400 mortes foram registradas desde 2014, de acordo com o Projeto de Migrantes Desaparecidos da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Globalmente, o número de mortes neste ano de 2021 já superou o total de 4.236 mortes registradas em 2020. Considerando que os incidentes fatais são frequentemente registrados semanas ou meses depois, o número final de mortes em 2021 provavelmente será muito maior.
"A COVID-19 significou uma diminuição sem precedentes na mobilidade humana, mas o Projeto deMigrantes Desaparecidos ainda documenta mortes quase todos os dias", disse Frank Laczko, Diretor do Centro de Análise de Dados de Migração Global (GMDAC) da OIM, onde o projeto está alocado.
“Dezenas de Estados se comprometeram com o Pacto Global para a Migração, mas muito poucos se comprometeram com o Objetivo 8 de ‘salvar vidas e estabelecer esforços internacionais coordenados sobre migrantes desaparecidos’. A OIM pede aos Estados que desenvolvam políticas e práticas para reduzir os riscos que as pessoas enfrentam na busca de uma vida melhor.” O número de mortes e desaparecimentos aumentou em muitas rotas migratórias em todo o mundo em 2021, incluindo na Europa e nas Américas.
Pelo menos 54 migrantes morreram no acidente de caminhão de quinta-feira em Chiapas - o incidente mais mortal para migrantes no México desde, pelo menos, 2014, quando a OIM começou a documentar mortes. Cerca de 651 pessoas morreram neste ano de 2021 tentando cruzar a fronteira do México com os Estados Unidos, mais do que em qualquer ano desde 2014. Esse aumento é especialmente preocupante porque a maioria dos dados para esta região de fronteira são relatados apenas após o fim do ano.
Nas Américas, 1.121 mortes foram registradas este ano - incluindo esta última tragédia - um número também maior do que em outros anos. Mais mortes foram registradas na América do Sul do que nunca, com 64 de 137 mortes envolvendo cidadãos venezuelanos.
Nas rotas de migração em direção à Europa, e dentro do continente, as 2.720 mortes registradas tornam o ano de 2021 o mais mortal na região desde 2018. A travessia do Mediterrâneo Central já custou pelo menos 1.315 vidas até o momento neste ano. Pelo menos 937 pessoas morreram na rota do Atlântico para as Ilhas Canárias espanholas - mais do que em qualquer ano anterior em pelo menos uma década. Os barcos muitas vezes desaparecem sem deixar rastros: naufrágios invisíveis podem ser responsáveis por centenas de vidas perdidas, além das mortes registradas nesta rota.
A fronteira terrestre entre a Turquia e a Grécia também registrou um aumento no número de mortes em 2021, com pelo menos 41 vidas perdidas, mais do que em qualquer ano, exceto 2018, quando 59 foram registrados.
Embora as rotas de migração de alto perfil, como a do Mediterrâneo e a fronteira entre os Estados Unidos e o México, tenham sido responsáveis por milhares de mortes desde 2014, este ano foi marcado por mortes em rotas terrestres mais difíceis de documentar:
- Na fronteira entre Belarus com a União Europeia, 21 mortes em 2021, embora não haja dados oficiais.
- No Tampão de Darien, uma remota região de selva entre a Colômbia e o Panamá, 42 vidas perdidas, embora as mais de 125 mil travessias irregulares neste ano indiquem que o número de mortes provavelmente é bem maior.
- Na travessia entre o Chifre da África e o Iémen, pelo menos 98 mortes em comparação com as 40 registradas em 2020, embora as mortes nessa rota sejam extremamente difíceis de documentar.
Tragédias em massa envolvendo migração se tornaram cada vez mais normalizadas. A OIM pede que os Estados desenvolvam políticas e práticas para reduzir os riscos que muitas pessoas em movimento são forçadas a enfrentar durante translados migratórios.
Saiba mais sobre dados de migrantes desaparecidos e os impactos nas famílias deixadas para trás no site do Projeto de Migrantes Desaparecidos, incluindo o recente relatório com dados sobre mortes de migrantes nas Américas.
Matéria originalmente publicada no site OIM Brasil (14/12/2021). Clique aqui para ver o texto original!